|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A BOLSA E A VIDA
A ainda restrita experiência de implementação de programas de renda
mínima no Brasil tem sido, no entanto, suficiente para indicar o sucesso
de um modo eficaz e qualificado de
transferir renda para famílias pobres.
Como mostrou reportagem desta
Folha sobre a experiência de Belo Horizonte com seu programa de bolsa-escola, é possível reduzir a miséria
extrema e criar condições de progresso para cidadãos na base da pirâmide
social. Com a concessão de um salário mínimo, estimulam-se famílias
pobres que têm filhos entre 7 a 14
anos a mantê-los na escola pública.
Exigem-se matrícula e frequência
escolar das crianças como contrapartida ao auxílio. Essa vinculação, sozinha, já é capaz de, além de proporcionar renda a quem necessita, combater o trabalho infantil e, em tese,
pois esse resultado só poderá ser medido a longo prazo, aumentar o grau
de instrução de uma parcela da população e torná-la mais competitiva no
mercado de trabalho.
Mas, como mostra o caso da capital
mineira, o programa ainda tem potencial para ir além da concessão de
uma bolsa de estudos. Se o trabalho
de implantação e acompanhamento
do programa for bem executado, o
poder público terá à sua disposição
um cadastro com dados sobre outras
carências das famílias. Alguns estudos têm mostrado que a pobreza no
Brasil também está associada a um
menor acesso relativo aos serviços de
bem-estar do Estado.
Assim, é possível encaminhar desempregados para cursos de reciclagem, mitigar o analfabetismo adulto,
ajustar o atendimento de saúde, ampliar o acesso dos pobres à compra
de alimentos mais baratos etc.
O que está em curso nos programas
de bolsa-escola, portanto, é um conhecimento mais detalhado por parte do poder público sobre sua clientela mais necessitada; o que poderá
contribuir, se as boas experiências
forem seguidas, para melhorar a eficiência do gasto social brasileiro.
Texto Anterior: Editorial: MAIS GRAXA NO DNER Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: A casa Brasil Índice
|