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ABISMO RACIAL
Num exercício eloquente,
um pesquisador calculou as
diferenças na qualidade de vida de
brancos e negros no Brasil. Brancos
ocupam o equivalente ao 46º lugar
no ranking do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano, criado pela
ONU; negros e mulatos estão na 101ª
posição. Na classificação oficial, sem
distinguir os dois grupos, o Brasil fica em 69º. O IDH leva em consideração indicadores como educação, expectativa de vida e renda per capita.
A primeira constatação que se impõe a partir do trabalho de Marcelo
Paixão, professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, é a de que a
população branca tem um nível de vida compatível com o de países relativamente ricos. No ranking das Nações Unidas, quem ocupa a 46ª posição entre as 162 nações avaliadas é a
Croácia. Em 45º lugar estão os Emirados Árabes Unidos. Ambos são
apontados pelo IDH como países de
alto desenvolvimento humano.
Já negros e mulatos ficam ao lado
de nações como Vietnã (101º lugar) e
Argélia (100ª posição), que têm índice de desenvolvimento de médio para baixo. Em bom português: são
países subdesenvolvidos.
A rigor nem era necessário um trabalho acadêmico para mostrar que
negros e mulatos no Brasil vivem
pior do que brancos. Mas é perturbador constatar que o fosso que separa
esses dois grupos é tão profundo.
Entre as mais urgentes necessidades do Brasil está a de promover a integração racial. Num país em que a
cor da pele ainda separa os mais ricos dos mais pobres, resolver o problema do racismo é quase sinônimo
de solucionar a desigualdade.
Ações afirmativas devem ser implementadas. O caminho é o da educação. É preciso garantir que negros tenham a oportunidade de estudar e
frequentar universidades. Esta Folha
se opõe à reserva de quotas em instituições públicas, o que apenas criaria
novas injustiças, mas defende politicas ativas de inclusão.
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