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VINICIUS MOTA
Um "interventor democrático"
SÃO PAULO -De meados de outubro
de 1981 ao final de abril do ano seguinte, um frenesi tomou conta da
Universidade Estadual de Campinas.
O economista Carlos Lessa, indicado
para o BNDES de Lula, foi um dos
protagonistas daquele evento.
A Unicamp aprovara um processo
de sucessão para a reitoria prevendo
uma consulta democrática à comunidade. Mas o governo Maluf reagiu.
Encontrou um pretexto para intervir
no Conselho Diretor da universidade,
exonerar oito diretores de unidades e
nomear os respectivos interventores.
Para as ciências humanas (que englobavam a economia) foi designado
um biólogo, que renunciou menos de
24 horas depois de assumir, talvez
convencido pelo "comitê de recepção" preparado pelos estudantes.
Numa solução de compromisso, a
reitoria aceitou um nome da própria
unidade para suceder o diretor exonerado. O escolhido foi Carlos Lessa.
A via negociada não agradou a
muitos estudantes e professores. Suspeitavam que os economistas estivessem aproveitando o impasse para ganhar poder na universidade e, de resto, contribuindo para desmobilizar a
reação interna à intervenção. Adeptos da solução Lessa tentaram convencer a resistência de que era melhor um "interventor democrático"
do que um imposto pelo malufismo.
O fato é que integrantes daquele
grupo de economistas da Unicamp,
então ligados ao PMDB, foram progressivamente conquistando poder
não só na universidade, mas também
nos governos estadual e federal.
Com o advento do PSDB, José Serra
e Paulo Renato (que presidia a associação dos docentes no início da crise
de 81) formalizaram o desgarramento do time original. Já nomes como
Maria da Conceição Tavares, Luiz
Gonzaga Belluzzo e Carlos Lessa foram se aproximando do PT.
Petistas certamente estavam entre
os que, há mais de 20 anos, não se
convenceram do argumento do "interventor democrático" e preferiram
tratar a indicação de Lessa como
uma intervenção sem adjetivo.
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