São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Lula ajuda mais a Venezuela

BRASÍLIA - É impossível dizer qual será o saldo final da relação amistosa do presidente brasileiro com seu colega venezuelano, Hugo Chávez. Trata-se de um fato. Uma decisão política. O governo petista não tem constrangimento em ajudar o país vizinho, muito pelo contrário.
No final do governo FHC, a Venezuela recebeu um navio carregado de gasolina por pressão de Lula. Não foi doação. Tratou-se de uma venda da Petrobras. Ainda assim, a medida foi interpretada pelos opositores de Chávez, que mantêm o país em greve há mais de um mês, como uma interferência indevida do Brasil.
No último dia 2, Chávez mandou um ministro seu entregar um novo pedido de ajuda. Quer navios, gasolina e pessoal para trabalhar na sua estatal petrolífera, a PDVSA, paralisada e deixando o país à beira de uma crise de desabastecimento.
Se havia dúvida sobre como se comportaria o governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, assessor especial do presidente Lula, esclareceu o assunto ontem: "A palavra final está dada: vamos ajudar". Se serão enviados navios, gasolina ou funcionários, depende de uma decisão técnica da Petrobras. Mas é certo que alguma ajuda nova Hugo Chávez terá.
O governo Lula enviará funcionários da Petrobras para "furar" uma greve em um país vizinho?
Responde Marco Aurélio. "Em primeiro lugar, o presidente Lula não deixará de ajudar numa solução negociada pela OEA, para que nenhuma das partes no conflito venezuelano saia aplastada, humilhada. Sobre "furar a greve", essa expressão é imprópria, pois não se trata de uma greve sindical, por reivindicações salariais. É uma greve política."
Para o assessor especial de Lula, "não interessa à região que a Venezuela acabe numa crise institucional". Daí a razão da ajuda.
Sem fazer juízo de valor, trata-se de uma aposta corajosa de um governo recém-empossado. O benefício ou desgaste para o Brasil só poderá ser conhecido mais adiante.


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