|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Lula ajuda mais a Venezuela
BRASÍLIA - É impossível dizer qual
será o saldo final da relação amistosa
do presidente brasileiro com seu colega venezuelano, Hugo Chávez. Trata-se de um fato. Uma decisão política. O governo petista não tem constrangimento em ajudar o país vizinho, muito pelo contrário.
No final do governo FHC, a Venezuela recebeu um navio carregado de
gasolina por pressão de Lula. Não foi
doação. Tratou-se de uma venda da
Petrobras. Ainda assim, a medida foi
interpretada pelos opositores de Chávez, que mantêm o país em greve há
mais de um mês, como uma interferência indevida do Brasil.
No último dia 2, Chávez mandou
um ministro seu entregar um novo
pedido de ajuda. Quer navios, gasolina e pessoal para trabalhar na sua
estatal petrolífera, a PDVSA, paralisada e deixando o país à beira de
uma crise de desabastecimento.
Se havia dúvida sobre como se comportaria o governo brasileiro, Marco
Aurélio Garcia, assessor especial do
presidente Lula, esclareceu o assunto
ontem: "A palavra final está dada:
vamos ajudar". Se serão enviados navios, gasolina ou funcionários, depende de uma decisão técnica da Petrobras. Mas é certo que alguma ajuda nova Hugo Chávez terá.
O governo Lula enviará funcionários da Petrobras para "furar" uma
greve em um país vizinho?
Responde Marco Aurélio. "Em primeiro lugar, o presidente Lula não
deixará de ajudar numa solução negociada pela OEA, para que nenhuma das partes no conflito venezuelano saia aplastada, humilhada. Sobre
"furar a greve", essa expressão é imprópria, pois não se trata de uma greve sindical, por reivindicações salariais. É uma greve política."
Para o assessor especial de Lula,
"não interessa à região que a Venezuela acabe numa crise institucional". Daí a razão da ajuda.
Sem fazer juízo de valor, trata-se de
uma aposta corajosa de um governo
recém-empossado. O benefício ou
desgaste para o Brasil só poderá ser
conhecido mais adiante.
Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Mota: Um "interventor democrático" Próximo Texto: Rio de Janeiro - Claudia Antunes: Os tempos e o calendário Índice
|