São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

Nas asas da Varig

BRASÍLIA - Para você, esteja ou não voltando hoje do Carnaval para casa nas "asas da Panair", digo, nas asas da Varig: a solução para o grave problema financeiro da companhia continua empacada em solo.
O ministro e vice-presidente José Alencar volta ao batente amanhã com boas idéias, mas que se chocam com a realidade das leis. Como transformar créditos da Varig com o Tesouro, com a Previdência, com a Infraero, com a BR Distribuidora e com o Banco do Brasil em ações da empresa, que é privada?
Típico caso em que falar é fácil, fazer é que são elas. Enquanto isso, a dívida da Varig continua impagável, o tempo vai passando e ninguém sabe exatamente como fazer para que a maior e mais famosa companhia aérea brasileira continue voando.
Também a partir de amanhã o Planalto decide promover ou não vetos na nova Lei de Falências, para retirar seus efeitos sobre justamente as aéreas. Essa discussão é esclarecedora sobre as divisões internas do governo a respeito do setor.
Grosso modo, Lula, Dirceu e Alencar (os políticos) se dizem sensibilizados com o valor econômico e sentimental da Varig e querem que o governo faça tudo que for possível para salvá-la. Do outro lado, Palocci, Mantega e Cade consideram que empresas privadas são sujeitas a riscos -no caso da Varig, também a chuvas e trovoadas. Para eles, cofres públicos não devem cobrir buracos de negócios privados.
Essa divisão vem desde o início do governo, aprofundou-se com a posse de Alencar e pousa na Lei das Falências. Quem tira a teima, evidentemente, é o presidente da República. E Lula acha que a Varig tem de ser salva e ponto. A questão, mais uma vez, é como compatibilizar o falar e o fazer -ou desejo com viabilidade.
No caso da Vasp, o governo empurrou com a barriga sabendo o desfecho. No da Varig, empurra porque não sabe como agir. Por mais que jure o contrário, pode acabar caindo no o BNDES -o santo dos grandes aflitos. Ou das causas perdidas.

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