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PLÍNIO FRAGA
Crise no Carnaval
RIO DE JANEIRO - No primeiro dia
de Carnaval, havia menos de um terço do público esperado: cerca de 20
mil pessoas na praça, contra 65 mil
no passado. A venda de discos ligados
à festa caiu à metade na comparação
com 2004. Medo de acidentes e o frio
são razões apontadas para a crise no
Carnaval. De Veneza!
O relato da Agenzia Giornalistica
Italia diz que o Carnaval de Veneza
gera menos dinheiro do que o esperado e afunda mais rápido do que a
própria cidade -ameaçada pelo aumento de sua taxa de rebaixamento
em relação ao nível das águas.
O Carnaval veneziano, para os padrões brasileiros, é quase venusiano,
quer dizer, coisa de outro mundo,
com suas máscaras lindas, mas em
cortejos lentos, sem graça e a uma
temperatura próxima de zero grau.
A crise não se limitaria a Veneza.
Agências de notícias distribuíram pelo mundo reportagens dizendo que a
"máfia do jogo", os bicheiros, patrocina o Carnaval do Rio e, assim, obtém
uma imagem simpática, televisionada para todo o mundo.
O triste carro alegórico com um telão no desfile do Salgueiro de anteontem, exibindo imagens de seus patronos, os bicheiros Miro e Maninho,
mortos no ano passado, comprova o
poder da "máfia do jogo".
Como mostra a crise de Veneza, o
financiamento dos desfiles de Carnaval é equação difícil. Os bicheiros já
bancaram grande parte das escolas
por muito tempo. Hoje a TV paga
milhões e as grandes empresas cada
vez mais influem nos enredos. Os bicheiros continuam lá, mas metem
menos as mãos nos (próprios) bolsos.
Ao contrário de Veneza, o Carnaval do Rio está longe de crise econômica, mas imerso numa crise artística, em grande parte causada pela origem de seu financiamento.
Mas, como festa sem dono, o Carnaval encontra formas de respiro.
Hoje no Rio são os blocos de rua.
Mais de 400, alguns reunindo pouco
mais de dezenas de amigos, sem
preocupação de concorrer, sem querer lucro, sem cordas de isolamento. É
só a reunião de gente que gosta de
cantar e sambar. É o que basta.
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