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ELIANE CANTANHÊDE
Prêmio aos derrotados
BRASÍLIA - O Brasil tem 28 partidos com registro no TSE e oito deles simplesmente não têm representação na Câmara, ou seja, não
têm um só deputado federal.
Mas o TSE decidiu na terça-feira
fazer uma distribuição "mandrake"
do Fundo Partidário, uma bolada
de uns R$ 90 milhões por mês usada para custear institutos, fundações, assessorias, sites, viagens e
encontros para promover debates
de idéias e divulgar o partido.
A bolada é dividida de duas formas: um percentual fixo para todos
os 28 partidos e um variável para os
que tenham participação na Câmara, de acordo com o tamanho de cada bancada. O TSE estabeleceu o fixo em 42% do total, o que dá R$
146.244,62 mensais para todos, inclusive para os sem-deputado. E
que, portanto, não existem de fato.
Os "nanicos" são os que têm um,
dois, três deputados. Esses são os
"nanicos dos nanicos".
Nessa, PT e PFL, os extremos do
espectro político, se uniram. Ou
melhor, os "grandes" se uniram para explodir a decisão e enxugar os
42% fixos para apenas 5%, rateando
95% entre os que têm representação, de acordo com a bancada. Será
um projeto de lei aprovado com velocidade supersônica.
A posição do TSE resulta da votação do Supremo que derrubou a
cláusula de barreira e deu sobrevida
aos nanicos, depois de 11 anos e do
fato consumado -os mortos das
eleições de 2006 ressuscitaram.
Enfim: a decisão do tribunal eleitoral é tecnicamente inquestionável.
Mas também é de doer, tanto quanto a do Supremo.
É o fim das fusões. Os partidos
que estão aí ficam, e qualquer oportunista que queira fundar um outro
não só pode como tem direito a
mundos e fundos, tempo no rádio e
na TV, candidatura até a presidente. O país precisa modernizar suas
regras e processos político-partidários, mas a Justiça tem sido instrumento do contrário: uma marcha-a-ré atrás da outra.
elianec@uol.com.br
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