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Inovações nos presídios
SE HÁ UM CONSENSO em matéria de segurança pública é o
de que é necessário construir mais presídios -muitos
mais. O último levantamento do
Departamento Penitenciário
Nacional indica que, em julho de
2007, havia 420 mil presos no
país em espaços concebidos para
acomodar 263 mil presidiários.
Essa é apenas a ponta do "iceberg". Se todos os mandados de
prisão expedidos pela Justiça
fossem cumpridos, estima-se
que a necessidade de novas vagas
aumentaria em meio milhão.
Medidas com vistas a reduzir a
população carcerária, como a
ampliação das penas alternativas, podem e devem ser aplicadas, mas seriam insuficientes. Se
todos os condenados por crimes
de menor potencial ofensivo
saíssem da cadeia, seriam liberadas no máximo 25% das vagas.
Assim, é urgente encontrar
modelos que permitam aos Estados construir mais presídios e
administrá-los com mais eficiência. Pernambuco e Minas Gerais
pretendem licitar, ainda neste
ano, Parcerias Público-Privadas
(PPPs) pelas quais empresas ergueriam novas unidades prisionais e as administrariam por
prazos dilatados, recebendo um
pagamento do Estado.
A experiência brasileira é
maior com o sistema de co-gestão, no qual são terceirizados
serviços como vigilância, limpeza, saúde, hotelaria. Observa-se
uma melhoria da qualidade dos
serviços, mas também o aumento dos custos. Em Santa Catarina, um detento em presídio terceirizado sai por R$ 1.600 ao
mês, contra R$ 1.400 em prisões
administradas pelo Estado. Se,
entretanto, as experiências de
co-gestão resultarem em melhores índices de ressocialização do
preso, pode valer a pena.
Há ainda o sistema em que se
repassam a ONGs só alguns serviços, conservando o Estado as
funções de vigilância do detento.
Essa prática evita contestações
judiciais. No Ceará, o Ministério
Público acionou o Estado por entender que o governo não pode
delegar o cerceamento de liberdades a particulares.
As experiências são novas, mas
ensejam boas perspectivas para
acelerar a solução do candente
problema da superlotação. Merecem, por isso, ser ampliadas.
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