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NELSON MOTTA
Feliz 2008!
SALVADOR - Agora, sim, o ano vai
começar. O Carnaval passou e reafirmou que o melhor do Brasil não é
o brasileiro da propaganda oficial: é
a nossa diversidade, como mostraram as grandes festas populares de
Recife, Salvador e Rio de Janeiro,
expressando as diversas características das tribos que formam nossa
imensa taba de variedades.
No Rio, a cena é dominada pelo
fabuloso desfile, altamente competitivo, das escolas de samba. Da tensão na concentração ao tempo cronometrado na passarela, sob os
olhos e ouvidos implacáveis dos jurados oficiais e dos comentaristas
especializados, um movimento em
falso pode ser fatal. Tudo tem que
funcionar como uma máquina.
Agora chegam a marcar com um
metrônomo o andamento do ritmo
da bateria. As que adiantam ou atrasam, mesmo imperceptivelmente,
durante o desfile, são criticadas e
perdem pontos, como se a qualidade de uma bateria de 300 ritmistas
dependesse disso. Se a perfeição é
manter a mesma bpm (batidas por
minuto) do início ao fim, o melhor é
uma bateria eletrônica, né?
Depois vem a apuração, com os
militantes das escolas se digladiando por elas, às vezes sai até tiro. É a
apoteose do "Carnaval de resultados", quando a festa vira guerra. Para quê? Para nada.
No Recife, o estilo é mais para o
cultural, de valorização histórica e
regional, de radicalidade frevística.
É o Carnaval levado a sério, mas que
não perde em alegria, e ainda permite ao orgulho pernambucano um
certo ar de "superioridade carnavalesca"...
Já em Salvador, do pagode à eletrônica, vale tudo, até axé, sem nenhuma competição: todos ganham
sempre, com os mesmos artistas
populares desfilando para os camarotes mais luxuosos e o povão mais
pobre, unidos pela música, pela festa e pela alegria.
Feliz 2008!
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