São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2001

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PASSO DECISIVO

O governo pretende privatizar em 2001 a geradora de energia Furnas. As resistências políticas ainda não foram totalmente dissipadas, mas o Executivo também quer em seguida vender outras grandes geradoras -Chesf e Eletronorte.
Esse é um passo decisivo para a continuidade da implantação do novo modelo do setor elétrico, privatizado e mais competitivo. Um dos aspectos que têm desincentivado os investimentos privados em geração é a perspectiva de comprar estatais que operam com custos bem menores.
A redução da participação estatal é importante para dar maior confiança aos agentes privados, que temem que a proximidade política entre dirigentes de empresas estatais e de órgãos reguladores interfira na competição do setor. Em tese, a retomada das privatizações retiraria boa parte das amarras que têm contido as mudanças no setor elétrico.
Mas antes é preciso que o governo realize uma ampla e transparente discussão acerca das vantagens e dos riscos envolvidos no novo modelo.
Não há dúvidas de que a competição e a realização de investimentos privados têm, em princípio, grandes benefícios, tanto para o consumidor quanto para o Estado.
Mas muitos especialistas questionam os limites da concorrência em um arranjo que também deve ser cooperativo em razão das características técnicas do sistema interligado. Afinal, a capacidade de geração de cada hidroelétrica depende das chuvas em sua região.
O problema é que a competição, em um setor que não controla as condições de oferta, faz com que os investimentos não sejam realizados conforme um planejamento central, mas sim pela indução que os preços exercem nas perspectivas de lucro.
Ademais, é pequena a folga entre capacidade de geração e demanda por energia. Novos investimentos estatais antes da privatização poderiam ser uma saída para esse impasse.
A complexidade dos riscos exige um debate amplo. Do contrário, um modelo promissor pode se tornar um grande e custoso fracasso.


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