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CLÓVIS ROSSI
Opção é pouca, mas existe
SÃO PAULO - Aproveito a renúncia de alguns deputados ao Conselho de
Ética da Câmara para entrar em um
assunto que vem tomando crescente
volume na internet, qual seja, a campanha pelo voto nulo.
Entendo perfeitamente os motivos
dos que aderiram ou lideram a campanha, mas ela acabará representando aceitar mais dois contos do vigário
do lulo-petismo.
Conto do vigário 1 - "Todos fazem"
(trambiques), conforme o presidente
disse na famosa entrevista em Paris,
no ano passado. Se "todos fazem",
então pode-se votar até no PT, que
confessadamente faz, porque não é
diferente dos outros. Falso. Muitos,
de fato, fazem, mas não todos.
A renúncia ao Conselho de Ética de
meia dúzia de deputados oferece
uma lista -microlista, é verdade,
mas lista- de gente que ainda é capaz de indignar-se com a bandidagem e, mais, de renunciar a uma posição que lhes dá evidência e, portanto, mais chances de reeleição.
Espero apenas que todos de fato
confirmem o gesto anunciado, o que
até ontem no começo da tarde só Orlando Fantazzini (PSOL-SP) havia
feito. Fantazzini, a propósito, teve a
decência adicional de trocar o PT por
outro partido, incapaz de continuar
convivendo com os "mensaleiros" e a
defesa que deles fazem os seus companheiros de partido.
Conto do vigário 2 - Fingir que a escolha eleitoral é apenas entre PT e
PSDB, farinhas do mesmo e lamentável saco. Errado. Há uma cornucópia
de outros partidos, pelo menos nas
eleições legislativas. Admito que dá
trabalho procurar um nome limpo
no meio da selva, mas santos não
caem no colo de ninguém.
No pleito presidencial, se outros
candidatos, além da dupla hoje hegemônica, têm ou não têm chance, não
importa. Eleição não é corrida de cavalo, em que o eleitor ou escolhe o cavalo vencedor ou perde dinheiro.
No Brasil, ao contrário, o eleitor, se
não é da corriola, tem perdido dinheiro é com o cavalo vencedor.
@ - crossi@uol.com.br
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