São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Opção é pouca, mas existe

SÃO PAULO - Aproveito a renúncia de alguns deputados ao Conselho de Ética da Câmara para entrar em um assunto que vem tomando crescente volume na internet, qual seja, a campanha pelo voto nulo.
Entendo perfeitamente os motivos dos que aderiram ou lideram a campanha, mas ela acabará representando aceitar mais dois contos do vigário do lulo-petismo.
Conto do vigário 1 - "Todos fazem" (trambiques), conforme o presidente disse na famosa entrevista em Paris, no ano passado. Se "todos fazem", então pode-se votar até no PT, que confessadamente faz, porque não é diferente dos outros. Falso. Muitos, de fato, fazem, mas não todos.
A renúncia ao Conselho de Ética de meia dúzia de deputados oferece uma lista -microlista, é verdade, mas lista- de gente que ainda é capaz de indignar-se com a bandidagem e, mais, de renunciar a uma posição que lhes dá evidência e, portanto, mais chances de reeleição.
Espero apenas que todos de fato confirmem o gesto anunciado, o que até ontem no começo da tarde só Orlando Fantazzini (PSOL-SP) havia feito. Fantazzini, a propósito, teve a decência adicional de trocar o PT por outro partido, incapaz de continuar convivendo com os "mensaleiros" e a defesa que deles fazem os seus companheiros de partido.
Conto do vigário 2 - Fingir que a escolha eleitoral é apenas entre PT e PSDB, farinhas do mesmo e lamentável saco. Errado. Há uma cornucópia de outros partidos, pelo menos nas eleições legislativas. Admito que dá trabalho procurar um nome limpo no meio da selva, mas santos não caem no colo de ninguém.
No pleito presidencial, se outros candidatos, além da dupla hoje hegemônica, têm ou não têm chance, não importa. Eleição não é corrida de cavalo, em que o eleitor ou escolhe o cavalo vencedor ou perde dinheiro.
No Brasil, ao contrário, o eleitor, se não é da corriola, tem perdido dinheiro é com o cavalo vencedor.
@ - crossi@uol.com.br


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