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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

ACM acabou?

BRASÍLIA - O plenário do Senado livrou ACM da cassação na terça-feira e, já no dia seguinte, o que aparece? Uma nova lista de grampeados da Bahia. A anterior continha 466 autorizações de grampo. A nova, 1.094.
A relação, concentrada em 26 páginas, contém o número do telefone grampeado, o juiz que autoriza, o dia da liberação e o destino do material. Entre os alvos estão três deputados estaduais adversários de ACM: Sargento Isidoro, do PT, e Arthur Maia e Marcelo Nilo, do PSDB.
Essa lista foi enviada por baixo dos panos para a Polícia Federal e para o deputado federal Colbert Martins (PPS-BA). Agora, a Corregedoria da Câmara solicitou formalmente ao Tribunal de Justiça da Bahia um documento oficial, timbrado.
Colbert Martins já se adianta e vai para a tribuna da Câmara, hoje, alardear a sua descoberta e citar os novos alvos de grampo. O que, no mínimo, mantém ACM na mira.
Leitores atentos enviaram e-mail ontem cobrando uma frase desta coluna de 23/2: "ACM acabou". "E agora?", perguntam esses leitores.
Agora, mantenho a mesma avaliação. ACM podia ou não ser cassado, pode ou não renunciar, mas ele jamais será o mesmo. Aliás, já não o é há tempos. O ACM que podia grampear, mandava em tudo, decidia o destino de todos e ganhava manchetes a qualquer sopro já não é nem mais sombra disso. Esse acabou.
"Acabar" não é necessariamente perder um mandato. É, também, perder o poder, a credibilidade. Ou há uma só santa alma no planeta duvidando de que ele tenha sido o mandante dos grampos e o principal beneficiário?
Apenas como comparação: Jader Barbalho elegeu-se deputado, mas acabou ou não acabou?
Além de ACM, quem mais perde com a tramitação parlamentar de todo o processo é o Congresso, o Senado e um político muito particularmente: José Sarney. Os Sarney se queixam amargamente de terem sido vítimas de grampo no caso Lunus. Mas o patriarca Sarney é o maior responsável pela absolvição política do dono do grampo na Bahia.


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