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ELIANE CANTANHÊDE
ACM acabou?
BRASÍLIA - O plenário do Senado livrou ACM da cassação na terça-feira
e, já no dia seguinte, o que aparece?
Uma nova lista de grampeados da
Bahia. A anterior continha 466 autorizações de grampo. A nova, 1.094.
A relação, concentrada em 26 páginas, contém o número do telefone
grampeado, o juiz que autoriza, o dia
da liberação e o destino do material.
Entre os alvos estão três deputados
estaduais adversários de ACM: Sargento Isidoro, do PT, e Arthur Maia e
Marcelo Nilo, do PSDB.
Essa lista foi enviada por baixo dos
panos para a Polícia Federal e para o
deputado federal Colbert Martins
(PPS-BA). Agora, a Corregedoria da
Câmara solicitou formalmente ao
Tribunal de Justiça da Bahia um documento oficial, timbrado.
Colbert Martins já se adianta e vai
para a tribuna da Câmara, hoje,
alardear a sua descoberta e citar os
novos alvos de grampo. O que, no mínimo, mantém ACM na mira.
Leitores atentos enviaram e-mail
ontem cobrando uma frase desta coluna de 23/2: "ACM acabou". "E agora?", perguntam esses leitores.
Agora, mantenho a mesma avaliação. ACM podia ou não ser cassado,
pode ou não renunciar, mas ele jamais será o mesmo. Aliás, já não o é
há tempos. O ACM que podia grampear, mandava em tudo, decidia o
destino de todos e ganhava manchetes a qualquer sopro já não é nem
mais sombra disso. Esse acabou.
"Acabar" não é necessariamente
perder um mandato. É, também,
perder o poder, a credibilidade. Ou
há uma só santa alma no planeta
duvidando de que ele tenha sido o
mandante dos grampos e o principal
beneficiário?
Apenas como comparação: Jader
Barbalho elegeu-se deputado, mas
acabou ou não acabou?
Além de ACM, quem mais perde
com a tramitação parlamentar de
todo o processo é o Congresso, o Senado e um político muito particularmente: José Sarney. Os Sarney se
queixam amargamente de terem sido vítimas de grampo no caso Lunus.
Mas o patriarca Sarney é o maior
responsável pela absolvição política
do dono do grampo na Bahia.
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