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Acordo pirata
É DE EVIDENTE interesse público a defesa da propriedade intelectual, tanto quanto
o combate à pirataria.
Sem os mecanismos legais que
garantem às empresas a exploração comercial exclusiva de seus
produtos, o processo de crescimento econômico de longo prazo seria solapado. Cessariam os
incentivos para investimentos
privados em pesquisa, responsáveis por grande parte dos confortos que facilitam a vida nas sociedades modernas.
De remédios mais eficientes a
computadores com maior capacidade de processamento de dados, o comércio de bens e serviços de ponta ocorre em escala
global. Daí que também se articulem em âmbito internacional
os interesses dos produtores. Para isso existem instâncias como a
OMC e a Organização Mundial
da Propriedade Intelectual.
Que no entanto não parecem
suficientes ou satisfatórias para
um grupo seleto de governos.
EUA, União Europeia e outros
nove países negociam um acordo
antipirataria que exclui o restante do mundo e passa ao largo das
instituições multilaterais.
O objetivo do grupo é criar mecanismos mais rígidos de garantia da propriedade intelectual.
No esboço do documento, que
deve ser concluído até o final do
ano, estão previstas medidas
drásticas, como o banimento de
infratores da internet e a apreensão unilateral de produtos, como
remédios genéricos.
É surpreendente a inabilidade
diplomática, para não dizer a arrogância, de tal iniciativa. O
acordo, ademais, pode ter efeitos
contrários aos pretendidos por
seus patrocinadores. Ao dividir o
mundo entre "repressores" e
"países piratas" e esvaziar órgãos
multilaterais, será mais difícil articular a cooperação internacional necessária para se combater,
com eficácia, a pirataria global.
Seria mais proveitoso reforçar
as instituições hoje existentes e,
em seu âmbito, negociar sanções
mais rigorosas contra infratores.
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