|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A estratégia do medo
BRASÍLIA - O PT tem disseminado a noção de que só "uma pessoa
que tenha a mesma visão de Lula"
será capaz de fazer o Brasil progredir. A afirmação é do comercial petista de 30 segundos veiculado várias vezes na quinta-feira na TV.
A narrativa usa como alegoria a
imagem de uma montanha-russa.
Quando o carrinho sobe, trata-se de
Lula e alguém com a "mesma visão"
no comando. Na descida desembestada, as pessoas fazem cara de pânico -uma reação à oposição no poder. Ao final, uma inscrição peremptória: "O Brasil não pode voltar ao passado". É um marketing
popular cuja estética se assemelha a
obras do lendário diretor de filmes
B Roger Corman ou à série de terror
"Sexta-Feira 13".
Todos os petistas repetem o mantra à exaustão. "É Dilma ou a barbárie", profetizou nesta semana um
jornal do partido. Ontem, Lula disse ser preciso não "deixar esse país
regredir". Dilma Rousseff, por óbvio, estava ao seu lado.
Esse tipo de abordagem não é nova na política. Foi exatamente a
mesma tática usada por Fernando
Henrique Cardoso em 1998, ao tentar a reeleição. Deu certo. Na TV, o
tucano era apresentado como "um
líder com pulso firme num mundo
turbulento". A crise econômica e a
memória recente da inflação sepultaram as chances do PT.
Já em 2002, a tática fracassou. A
atriz Regina Duarte foi à TV declarar ter medo de uma vitória do PT.
Esforço inútil. Lula ganhou e seu
marqueteiro inventou a frase "a esperança venceu o medo".
Na eleição seguinte, em 2006, o
PT escanteou a esperança e preferiu usar o medo a seu favor. Espalhou de maneira eficaz a interpretação de que o PSDB privatizaria o
país inteiro. Lula foi reeleito.
Agora, a história se repete parcialmente. Esta é a primeira eleição
na qual a economia estará bem
aquecida. Vai dar certo? Não se sabe. Mas há uma incrível similitude e
alternância de discursos entre PT e
PSDB nas últimas campanhas.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Maria Amélia Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Vida na rua Índice
|