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À CAÇA DE TECNOLOGIA
Está prevista para ser encerrada na semana que vem a licitação que vai escolher o novo caça da
Força Aérea Brasileira (FAB). Pela
avaliação puramente militar, o concorrente russo, o Sukhoi Su-35, seria
o vencedor. Ocorre que decisão de tal
monta não leva em conta apenas critérios técnicos. Destacam-se duas
frentes no debate, a de política industrial e a de geoestratégia.
Na primeira, os rivais mais claros
são o Mirage 2000BR, feito pela francesa Dassault e oferecido em consórcio com a brasileira Embraer, e o Su-35, oferta da russa Rosoboronexport
e da também nativa Avibrás.
A concorrência da FAB visa ao acesso a tecnologias que possam ser incorporadas sem restrições ao parque
nacional. A Avibrás argumenta que
isso está embutido em sua proposta
com os russos, uma vez que o importante não é montar o avião, mas ter
acesso à parafernália eletrônica que
integra suas armas, radares e parte
mecânica. De resto, os russos oferecem tecnologia para lançar satélites e
abertura do seu mercado de carne,
enquanto os franceses acenam com
a idéia de transformar o Brasil em exportador do Mirage.
Do ponto de vista estratégico, o nó
está nos EUA e seu produto na concorrência, o Lockheed Martin F-16.
Não há dúvidas sobre o poder do
lobby americano. Há dois temores
acerca desse concorrente. Primeiro,
que o avião venha sem o armamento
avançado que a empresa garante oferecer. Segundo, que se aumente a dependência de material norte-americano em um momento no qual o
Brasil ainda discute como será sua
relação com a Área de Livre Comércio das Américas e a hegemonia hemisférica de Washington.
Os novos caças terão de voar por 30
anos, o que implica uma estreita relação comercial e tecnológica com reflexos estratégicos de longo prazo.
Isso deverá pesar tanto no processo
de escolha como as compensações
comerciais e industriais na decisão
do Brasil, que será tomada pelo Conselho de Defesa Nacional.
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