São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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RACISMO NOS EUA

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou que estrangeiros que cheguem ao país estarão sujeitos a ser fotografados e ter suas impressões digitais e nomes registrados num banco de dados.
Os alvos do recauchutado Sistema Nacional de Registro de Segurança de Entradas e Saídas serão, nas palavras do secretário John Ashcroft, pessoas que vêm de países identificados como "portadores do mais alto grau de risco de terrorismo".
O termo é forte, mas a medida só pode ser qualificada como racista. Provavelmente, apenas cidadãos de países árabes ou islâmicos serão submetidos ao constrangimento. Os EUA, apesar de sua inequívoca tradição democrática, têm um histórico social racista. Até os anos 60, a segregação de negros e brancos era a regra em muitos Estados do país.
É provável também que essa iniciativa de resgatar o sistema de registro, que tem amparo numa quase esquecida lei do início dos anos 50, seja bastante ineficiente. Acumulam-se indícios de que pelo menos a CIA tinha a informação de que dois dos terroristas de 11 de setembro possuíam vínculos com a Al Qaeda e encontravam-se nos EUA. Usavam seus nomes reais e com eles abriram contas em banco, tiraram carteira de habilitação e matricularam-se em escolas de aviação. Fotos e impressões digitais dificilmente teriam ajudado as autoridades a impedir o atentado.
A administração Bush vem seguindo um padrão preocupante. Valendo-se de leis antigas ou de brechas jurídicas, a Casa Branca vem, desde o 11 de setembro, trazendo para si uma série de poderes. Além do fichamento de estrangeiros, Washington já anunciou que recorrerá à espionagem doméstica e que poderá julgar membros do Taleban e da Al Qaeda em tribunais militares de exceção.
É bastante triste que a defesa dos direitos civis, que, afinal, nasceram nos EUA, tenha se mostrado tão frágil na América pós-11 de setembro.



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