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RACISMO NOS EUA
O Departamento de Justiça
dos EUA anunciou que estrangeiros que cheguem ao país estarão
sujeitos a ser fotografados e ter suas
impressões digitais e nomes registrados num banco de dados.
Os alvos do recauchutado Sistema
Nacional de Registro de Segurança
de Entradas e Saídas serão, nas palavras do secretário John Ashcroft, pessoas que vêm de países identificados
como "portadores do mais alto grau
de risco de terrorismo".
O termo é forte, mas a medida só
pode ser qualificada como racista.
Provavelmente, apenas cidadãos de
países árabes ou islâmicos serão
submetidos ao constrangimento. Os
EUA, apesar de sua inequívoca tradição democrática, têm um histórico
social racista. Até os anos 60, a segregação de negros e brancos era a regra
em muitos Estados do país.
É provável também que essa iniciativa de resgatar o sistema de registro,
que tem amparo numa quase esquecida lei do início dos anos 50, seja
bastante ineficiente. Acumulam-se
indícios de que pelo menos a CIA tinha a informação de que dois dos
terroristas de 11 de setembro possuíam vínculos com a Al Qaeda e encontravam-se nos EUA. Usavam
seus nomes reais e com eles abriram
contas em banco, tiraram carteira de
habilitação e matricularam-se em escolas de aviação. Fotos e impressões
digitais dificilmente teriam ajudado
as autoridades a impedir o atentado.
A administração Bush vem seguindo um padrão preocupante. Valendo-se de leis antigas ou de brechas
jurídicas, a Casa Branca vem, desde o
11 de setembro, trazendo para si uma
série de poderes. Além do fichamento de estrangeiros, Washington já
anunciou que recorrerá à espionagem doméstica e que poderá julgar
membros do Taleban e da Al Qaeda
em tribunais militares de exceção.
É bastante triste que a defesa dos
direitos civis, que, afinal, nasceram
nos EUA, tenha se mostrado tão frágil na América pós-11 de setembro.
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