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FERNANDO RODRIGUES
Eleição eletrônica
BRASÍLIA - É da maior relevância a decisão da TV Globo de fazer uma
cobertura ampla da eleição presidencial em seus programas noticiosos.
Entre outros ineditismos, os candidatos serão entrevistados, ao vivo e
mais de uma vez cada um, pelos
apresentadores do "Jornal Nacional".
Todos os telejornais da emissora farão entrevistas exclusivas com os presidenciáveis. Haverá debates. Será a
maior cobertura eleitoral da TV Globo desde a volta da eleição direta para presidente, em 89.
A decisão é excelente. A emissora líder no país demonstra interesse em
fazer jornalismo sobre um tema que
certamente não dará tanta audiência como a Copa do Mundo.
Mas haverá consequências. A mais
evidente é que as outras emissoras de
TV certamente também vão desejar
fazer o mesmo. É a lei do mercado. A
agenda dos candidatos ficará premida por convites para entrevistas e debates nos meios eletrônicos.
Uma entrevista para um jornal impresso é rápida. O candidato fala em
qualquer lugar, até pelo telefone.
Aparecer por dez minutos ao vivo
no "Jornal Nacional" requer um preparo maior. Talvez passar o dia todo
sem agenda de rua. Ninguém quer
aparecer na frente de 27 milhões de
telespectadores-eleitores com a cara
abatida ou sem as idéias no lugar.
Menos comícios. Mais TV. Esta será
a eleição presidencial mais eletrônica
de todas as que o Brasil já teve. O horário eleitoral gratuito não poderá
falsear demais as imagens dos candidatos. Todos aparecerão ao vivo nos
telejornais, mostrando suas reais
qualidades e defeitos.
Quem vai se sair melhor nesse tipo
de ambiente? Lula, Serra, Garotinho
ou Ciro? Difícil dizer.
Por que a Globo tomou esse rumo?
Outra pergunta sem resposta. É melhor esperar o resultado para depois,
se for o caso, emitir opinião.
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