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Aumento irresponsável
NUMA DEMONSTRAÇÃO de
total irresponsabilidade e
motivada pela mesquinhez eleitoreira, a Câmara dos
Deputados aprovou ontem um
aumento de 16,7% para todos os
aposentados e pensionistas do
INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), e não só para os que
ganham o salário mínimo, que tiveram esse percentual de reajuste com a alta de R$ 300 para R$
350 em abril. A proposta segue
agora para o Senado Federal.
É evidente que não existem recursos no Orçamento da União
para tal majoração, cujo impacto
sobre o erário neste ano é calculado em R$ 7 bilhões pelo Ministério do Planejamento e que teria efeito permanente nas contas
da Previdência. Acordo firmado
entre governo e sindicalistas
previa um aumento de 5% no valor das aposentadorias e pensões
superiores a um salário mínimo.
O placar da votação não dá
margem a dúvidas acerca do populismo da medida. Votaram pelos 16,7% nada menos do que
274 deputados. Ficaram contra a
demagogia apenas 5. Houve ainda 15 abstenções e 73 se declararam em obstrução. Ainda mais
chocante, grande parte da base
de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou a proposta, feita por um integrante do
PFL, legenda que, quando estava
no governo, costumava combater esse gênero de irresponsabilidade eleitoreira.
É bastante possível que os senadores imitem os deputados e
chancelem a imprevidência, hipótese em que o governo se veria
obrigado a vetar a medida. Seu
efeito sobre o Orçamento, portanto, tende a ser nulo. Mas o
mesmo não se pode afirmar do
impacto sobre a imagem do Congresso. Essa não é a primeira vez
que parlamentares votam visando ao aplauso fácil. Só que, ao fazê-lo, ferem de morte a responsabilidade fiscal, que deveria ser
a marca do bom legislador.
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