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Não tem tu, vai Lula mesmo
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Se a eleição presidencial
fosse nas próximas semanas, e não
apenas em 2002, o futuro presidente
chamar-se-ia Luiz Inácio Lula da Silva ou algum outro candidato do PT.
É isso pelo menos o que indica o rumor surdo que emerge das conversas
em pontos habituais de aglomeração
humana em São Paulo.
É também o que indica a pesquisa
do Datafolha publicada na semana
passada, em que Lula ficou em primeiro lugar, com 27% das intenções
de voto, na cidade de São Paulo.
Mas o rumor da rua não aponta para um voto decidido em Lula ou em
qualquer outro candidato do PT. É
muito mais na base de "não tem tu,
vai tu mesmo".
Ou, posto de outra forma: aumenta
de maneira exponencial o raciocínio
da rua segundo o qual chegou a hora
de experimentar o que nunca o eleitorado brasileiro quis experimentar,
uma vez fracassadas todas as demais
experiências.
A história recente do Brasil tem sido
a de o presidente de turno reabilitar
seu antecessor, um após o outro.
José Sarney quase fez esquecer os
males do ciclo militar, assim como
Fernando Collor reabilitou Sarney
com formidável velocidade. Itamar
Franco por pouco não recuperava Collor. Foi salvo pelo Plano Real e a consequente derrubada da inflação.
Fernando Henrique Cardoso pareceu brecar essa história, mas as mais
recentes pesquisas indicam tal grau de
irritação com o presidente que ele só
não reabilita seu antecessor porque o
antecessor é ele próprio.
Consequência inevitável: quem nunca foi governo recebe agora os bônus
do desgaste acumulado pela má imagem de todos os governos anteriores.
É claro que, a três anos do início da
campanha eleitoral de 2002, esse cenário pode mudar inteiramente, em
qualquer direção. Inclusive na de
aprofundar o desgaste de quem tem
alguma ou muita responsabilidade
por este governo ou pelos anteriores.
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