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ELIANE CANTANHÊDE
Durma-se com um vice desses...
BRASÍLIA - Marta Suplicy bateu pé firme, disse que "não confiava" no
PMDB e rejeitou a aliança com o
partido, abrindo mão de preciosos
minutos na TV.
Já José Serra engoliu velhos preconceitos (ou conceitos), fechou a aliança
com o PFL e lucrou os também preciosos minutos do partido na TV.
Conclusão: Marta foi duramente
criticada a torto e a direito, enquanto
Serra foi bastante elogiado pelo
"pragmatismo" nesta eleição. Há, entretanto, sérias controvérsias sobre
quem ganha e quem perde.
Segundo a Folha de ontem, o vice
de Serra, deputado Gilberto Kassab,
aumentou seu patrimônio pessoal
em 316% justamente entre 94 e 98,
quando foi deputado estadual e... secretário de Celso Pitta.
Quem enriqueceu foi Kassab, mas
quem vai passar a campanha inteira
explicando o patrimônio dele é Serra,
apontado pela última pesquisa Datafolha como "o mais honesto". À mulher de César, não basta ser honesta;
tem de parecer honesta. Ao candidato, não basta ser honesto; tem de ter
um vice honesto.
Serra não queria Kassab. Queria
algo mais "light". O problema é que o
PFL está mais para Kassab do que
para o iatista Lars Grael, e esse é um
dos grandes problemas das alianças:
tão necessárias, mas tão perigosas.
Tanto Marta como Serra juram
que, se eleitos, não vão trocar a prefeitura pela candidatura ao governo
de São Paulo em 2006. Mas, em caso
contrário (e o caso contrário é muito
comum na política...), Marta tem, digamos, melhores argumentos: o patrimônio de Falcão deve ter crescido
menos do que o de Kassab.
Até lá, muita água vai correr. Marta vai apanhar do PMDB por não fazer a aliança, e Serra vai apanhar dos
concorrentes por fazer a aliança com
o PFL. Sua única vingança é que, se a
imagem de Kassab não é boa para a
chapa, é menos ainda para o PFL,
que há anos tenta mudar de cara.
Quanto a Paulo Maluf, considerado "o mais corrupto" no Datafolha:
seu problema nessa área não é o vice;
é o próprio cabeça de chapa.
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