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CLÓVIS ROSSI
O mundo novo de Lula e Sarkozy
PARIS - Nicolas Sarkozy, o presidente francês que é acusado de hiperativo, o que deveria ser qualidade, chega hoje à Itália, para a cúpula
do G8, com um discurso realmente
hiperativo (além de combinado
com seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva):
"Nada poderá ser como antes",
depois da crise global, dispara Sarkozy, ao lado de Lula.
"Precisamos aproveitar a crise
para fazer a mudança que necessitamos", engata. Que mudança? "Da
governança mundial, para que seja
mais justa e mais equilibrada", responde (Lula já disse a mesma coisa
mil e uma vezes).
Mudança, é bom lembrar, foi a
palavra-chave da campanha de Barack Obama, assim como de seu discurso de posse. Sarkozy enfia também o primeiro-ministro Gordon
Brown e a chanceler (premiê) alemã Angela Merkel no que chamou
de "uma força internacional a serviço da mudança".
Se Obama, Merkel, Brown, Sarkozy e, de quebra, um emergente de
prestígio como Lula, estão todos de
acordo com a mudança, nada realmente será como antes, como diz o
presidente francês.
Você acredita? Não, não me pergunte se eu acredito porque sou cético de profissão e passei tempo demais ouvindo belas palavras e boas
intenções para me deixar seduzir.
Quando Sarkozy diz que nada será como antes, está se referindo antes e acima de tudo à crise econômico-financeira. Não é no G8 que essa
crise está sendo encarada, mas no
G20. Neste, sim, foram e estão sendo dados passos adiante, mas é muito prematuro cravar "changement"
(mudança) como prega o discurso
de Sarkozy.
Outra mudança fundamental, na
questão climática, poderá até dar
passos na cúpula na Itália, mas o
grande momento será no fim do
ano em Copenhague.
Ainda assim, é preferível o discurso mudancista que o imobilismo
dos muitíssimos G8 anteriores.
crossi@uol.com.br
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