São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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CLÓVIS ROSSI
O mundo novo de Lula e Sarkozy

PARIS - Nicolas Sarkozy, o presidente francês que é acusado de hiperativo, o que deveria ser qualidade, chega hoje à Itália, para a cúpula do G8, com um discurso realmente hiperativo (além de combinado com seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva): "Nada poderá ser como antes", depois da crise global, dispara Sarkozy, ao lado de Lula. "Precisamos aproveitar a crise para fazer a mudança que necessitamos", engata. Que mudança? "Da governança mundial, para que seja mais justa e mais equilibrada", responde (Lula já disse a mesma coisa mil e uma vezes).
Mudança, é bom lembrar, foi a palavra-chave da campanha de Barack Obama, assim como de seu discurso de posse. Sarkozy enfia também o primeiro-ministro Gordon Brown e a chanceler (premiê) alemã Angela Merkel no que chamou de "uma força internacional a serviço da mudança". Se Obama, Merkel, Brown, Sarkozy e, de quebra, um emergente de prestígio como Lula, estão todos de acordo com a mudança, nada realmente será como antes, como diz o presidente francês.
Você acredita? Não, não me pergunte se eu acredito porque sou cético de profissão e passei tempo demais ouvindo belas palavras e boas intenções para me deixar seduzir. Quando Sarkozy diz que nada será como antes, está se referindo antes e acima de tudo à crise econômico-financeira. Não é no G8 que essa crise está sendo encarada, mas no G20. Neste, sim, foram e estão sendo dados passos adiante, mas é muito prematuro cravar "changement" (mudança) como prega o discurso de Sarkozy.
Outra mudança fundamental, na questão climática, poderá até dar passos na cúpula na Itália, mas o grande momento será no fim do ano em Copenhague. Ainda assim, é preferível o discurso mudancista que o imobilismo dos muitíssimos G8 anteriores.

crossi@uol.com.br



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