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10 anos de desperdício
POUCAS VEZES um factóide
eleitoral terá saído tão caro.
Trata-se do Fura-Fila, lançado há dez anos como peça de
marketing da campanha de Celso Pitta à Prefeitura de São Paulo. Arrasta-se por três gestões,
não ficou pronto e já arrancou do
contribuinte R$ 675 milhões.
O famigerado Fura-Fila teve
suas obras iniciadas durante a
gestão Pitta (1997-2000). Na administração de Marta Suplicy
(2001-2004), foi remodelado e
rebatizado de Paulistão. Agora,
no governo José Serra/Gilberto
Kassab (2005-2008), sofreu nova reestruturação e ganhou outro nome: Expresso Tiradentes,
que a prefeitura promete colocar
em testes em outubro.
A lógica é perversa: o propósito
do Fura-Fila era permitir a Duda
Mendonça, então marqueteiro
de Pitta (e mais tarde de Lula),
colocar na TV imagens de um belo Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT), que não existia e não fazia
muito sentido técnico construir.
Eleito, Pitta tentou tirá-lo do papel. Quando Marta assumiu, a
obra não estava pronta, mas já
havia consumido vários milhões
de reais. Alegou que suspendê-la
seria concretizar o prejuízo e optou por alocar-lhe mais recursos.
Sob Serra, a armadilha se repetiu. Inicialmente orçado em R$
20 milhões a R$ 30 milhões o
quilômetro, a soma das despesas
até a conclusão do primeiro trecho -agora previsto para janeiro
de 2007- deve ficar entre R$ 70
milhões e R$ 80 milhões por km.
Alguns administradores envolvidos nesse monumento ao desperdício procuram eximir-se de
responsabilidade e atribuem até
ao governo federal a culpa pelo
atraso e pelos sucessivos estouros orçamentários. O fato, porém, é que mais de meio bilhão
foi gasto. Algo além da irresponsabilidade coletiva pode
explicar tamanho crime contra a
administração dos recursos públicos?
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