São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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VALDO CRUZ

Tapando boquinhas

BRASÍLIA - Pode estar vindo aí, enfim, uma boa idéia do governo Lula sobre o preenchimento de cargos de confiança, aquelas boquinhas do serviço público muito usadas para indicações políticas. Uma prática comum nos governos anteriores, seguida com muito prazer pelos petistas.
Somente neste ano o governo criou mais de mil cargos de confiança, aqueles que dispensam concurso público. Lula herdou de FHC 19.943 dessas funções e já chegou a um número recorde superior a 22.300.
Agora, o Ministério do Planejamento prepara uma medida para blindar alguns órgãos de nomeações políticas. Áreas como Polícia Federal, Receita Federal, Tesouro Nacional, Advocacia Geral da União e Polícia Rodoviária Federal seriam privativas de gente da casa, de técnicos de carreira.
Haveria apenas duas ou três exceções, para postos como de diretor da PF e seu adjunto ou de secretário da Receita e seus subs.
Não chega a ser a medida perfeita, mas pelo menos é um começo. Ainda mais em setores técnicos essenciais, que mesmo assim despertam o interesse da politicalha.
O grande avanço viria com a extinção da maior parte dos cargos de confiança em toda a estrutura do governo, tornando a máquina pública mais estável e profissional.
Técnicos do Planejamento dizem que essa é a intenção. Começar pelo núcleo técnico do governo e estender o modelo de profissionalização para outros ministérios, como saúde, educação e infra-estrutura.
A dúvida é se a proposta vinga. Primeiro, terá de vencer resistências internas. Tentada antes, não prosperou. Depois, tem de passar pelo Congresso, onde muita gente faz lobby para colocar apadrinhados nesses órgãos, principalmente em suas bases eleitorais.
Se vingar, contudo, será bem-vinda. O problema realmente é a distância que separa boas idéias dos interesses corporativistas e políticos dos governos de plantão.


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