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VALDO CRUZ
Tapando boquinhas
BRASÍLIA - Pode estar vindo aí,
enfim, uma boa idéia do governo
Lula sobre o preenchimento de cargos de confiança, aquelas boquinhas do serviço público muito usadas para indicações políticas. Uma
prática comum nos governos anteriores, seguida com muito prazer
pelos petistas.
Somente neste ano o governo
criou mais de mil cargos de confiança, aqueles que dispensam concurso público. Lula herdou de FHC
19.943 dessas funções e já chegou a
um número recorde superior a
22.300.
Agora, o Ministério do Planejamento prepara uma medida para
blindar alguns órgãos de nomeações políticas. Áreas como Polícia
Federal, Receita Federal, Tesouro
Nacional, Advocacia Geral da União
e Polícia Rodoviária Federal seriam
privativas de gente da casa, de técnicos de carreira.
Haveria apenas duas ou três exceções, para postos como de diretor
da PF e seu adjunto ou de secretário
da Receita e seus subs.
Não chega a ser a medida perfeita, mas pelo menos é um começo.
Ainda mais em setores técnicos essenciais, que mesmo assim despertam o interesse da politicalha.
O grande avanço viria com a extinção da maior parte dos cargos de
confiança em toda a estrutura do
governo, tornando a máquina pública mais estável e profissional.
Técnicos do Planejamento dizem
que essa é a intenção. Começar pelo
núcleo técnico do governo e estender o modelo de profissionalização
para outros ministérios, como saúde, educação e infra-estrutura.
A dúvida é se a proposta vinga.
Primeiro, terá de vencer resistências internas. Tentada antes, não
prosperou. Depois, tem de passar
pelo Congresso, onde muita gente
faz lobby para colocar apadrinhados nesses órgãos, principalmente
em suas bases eleitorais.
Se vingar, contudo, será bem-vinda. O problema realmente é a distância que separa boas idéias dos
interesses corporativistas e políticos dos governos de plantão.
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