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ELIANE CANTANHÊDE
Vacas gordas, vacas magras
BRASÍLIA - "Tudo o que é bom foi o
Lula quem fez, tudo o que dá errado
a culpa é dos outros."
A frase, do senador reeleito e ex-governador Cristovam Buarque,
depois de trocar o PT pelo PDT, está
atualíssima -apesar de seu autor
ter recapitulado e caído de volta
nos braços de Lula, que o demitiu
por telefone, e de Dilma, a melhor
aposta de poder.
Esse traço da personalidade -ou
da esperteza- de Lula ficou evidente nestas eleições. Quando todo
mundo já dava como certo que Dilma não apenas ganharia mas daria
um banho histórico, Lula assumiu
a dianteira nos palanques e nas
manchetes, deixando a própria
candidata em segundo plano. Mas,
confirmado o segundo turno, o que
Lula fez? Não só saiu da linha de
frente como sumiu durante dias.
Palanque bom era aquele em que
ele podia brilhar, primeiro para
deslanchar a candidatura que tirou
da cartola, depois para comemorar
a "sua" vitória inquestionável e tripudiar sobre os adversários. Ali, valia tudo, até dar de ombros para a compostura de presidente e para a
Justiça Eleitoral.
Palanque para admitir a reversão
de expectativas, aí já não é com Lula. Foi Dilma quem enfrentou as feras, ladeada por Michel Temer, resgatado pela campanha, e por José
Eduardo Dutra, sócio do fiasco de
não vencer no primeiro turno. As
caras estavam de dar dó.
Lula adora holofotes, discursos e
metáforas, mas, depois da apuração (que em nenhum momento
passou dos 47%), enfurnou-se no
Alvorada para "articulações de bastidores", deixando a Dilma a tarefa
de enfrentar a realidade, a irreverência dos jornalistas e a divisão da
opinião pública. Ele se exibiu na
virtual vitória. Ela botou a cara na
hora da "derrota".
Com o reinício da propaganda
eleitoral hoje, vamos saber qual dos
Lulas ressurgirá na campanha, assim como até que ponto era real o
frisson tucano para retirar Fernando Henrique da geladeira.
elianec@uol.com.br
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