São Paulo, Segunda-feira, 08 de Novembro de 1999
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O PMDB E GAROTINHO

Parece óbvio que não haverá de imediato resultados concretos nas conversas, de resto muito incipientes, entre o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PDT), e o PMDB. Isto é, seria ingênuo acreditar que o hábil pedetista e as raposas do PMDB firmariam acordos -para agora ou para o futuro. As eleições de 2002, objeto das conversas, estão ainda muito longe. Ademais, o jogo de indefinições e negaças pode ser extremamente rendoso numa eleição que tem tudo para ser multipolar.
Embora não se trate de pactos, esses contatos entre Garotinho e um grupo do multifacetado PMDB têm importância por darem contornos mais definidos à argila da qual serão feitas as peças da próxima eleição.
Tendem à desagregação os pólos que se opuseram na eleição presidencial passada. O PT se bate contra o isolamento. Decerto a insistência em Lula, rejeitado por parte importante do eleitorado, tem feito outras lideranças de oposição buscarem alternativas. Mas o surgimento de novos nomes nesse campo se deve também à insatisfação manifesta de setores da sociedade a FHC e a seu programa.
Há novas queixas, novos insatisfeitos e líderes novos para atender a essa demanda, que parece buscar canais não exatamente petistas para expressar seu desejo de mudança. Mesmo que a popularidade de FHC se recupere, parece que haverá críticos e prejudicados o bastante para se engajarem em candidaturas de novas lideranças oposicionistas.
O PMDB, que, na coalizão governista, é o que aparentemente mais tem procurado manter um pé na oposição, joga com a possibilidade de se descolar do fernandismo em 2002. Resta, pois, a oposição entre o núcleo do governismo, PSDB e PFL, e a oposição liderada pelo PT.
Mas, afora tais extremos, é possível desenhar vários blocos políticos. Entre eles os de Ciro Gomes (PPS), Itamar Franco (PMDB), raposas peemedebistas à procura da melhor estratégia e Garotinho. Muita água vai correr até 2002. Porém, de menos incerto, há os indícios de que a bipolaridade que facilitou a eleição de FHC nas últimas eleições é um esquema político que tem tudo para se desfazer.



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