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O PMDB E GAROTINHO
Parece óbvio que não haverá de imediato resultados concretos nas conversas, de resto muito incipientes,
entre o governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho (PDT), e o
PMDB. Isto é, seria ingênuo acreditar
que o hábil pedetista e as raposas do
PMDB firmariam acordos -para
agora ou para o futuro. As eleições de
2002, objeto das conversas, estão
ainda muito longe. Ademais, o jogo
de indefinições e negaças pode ser
extremamente rendoso numa eleição
que tem tudo para ser multipolar.
Embora não se trate de pactos, esses contatos entre Garotinho e um
grupo do multifacetado PMDB têm
importância por darem contornos
mais definidos à argila da qual serão
feitas as peças da próxima eleição.
Tendem à desagregação os pólos
que se opuseram na eleição presidencial passada. O PT se bate contra o
isolamento. Decerto a insistência em
Lula, rejeitado por parte importante
do eleitorado, tem feito outras lideranças de oposição buscarem alternativas. Mas o surgimento de novos
nomes nesse campo se deve também
à insatisfação manifesta de setores da
sociedade a FHC e a seu programa.
Há novas queixas, novos insatisfeitos e líderes novos para atender a essa
demanda, que parece buscar canais
não exatamente petistas para expressar seu desejo de mudança. Mesmo
que a popularidade de FHC se recupere, parece que haverá críticos e prejudicados o bastante para se engajarem em candidaturas de novas lideranças oposicionistas.
O PMDB, que, na coalizão governista, é o que aparentemente mais
tem procurado manter um pé na
oposição, joga com a possibilidade
de se descolar do fernandismo em
2002. Resta, pois, a oposição entre o
núcleo do governismo, PSDB e PFL, e
a oposição liderada pelo PT.
Mas, afora tais extremos, é possível
desenhar vários blocos políticos. Entre eles os de Ciro Gomes (PPS), Itamar Franco (PMDB), raposas peemedebistas à procura da melhor estratégia e Garotinho. Muita água vai correr até 2002. Porém, de menos incerto, há os indícios de que a bipolaridade que facilitou a eleição de FHC nas
últimas eleições é um esquema político que tem tudo para se desfazer.
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