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ELIANE CANTANHÊDE
O julgamento
BRASÍLIA - Tudo indica que o Supremo acatará, nesta quinta, o pedido de extradição do ex-guerrilheiro
Cesare Battisti para a Itália, onde
foi condenado à prisão perpétua
por quatro assassinatos. Mas a votação está apertada.
Os defensores políticos de Battisti visaram a opinião pública, via imprensa e internet, tentando levar a
questão para a seara humanitária e
lapidar seu perfil atual como pacato
escritor e pai de família. Já os advogados do governo italiano foram direto ao alvo: concentraram-se no
STF e nos meandros jurídicos.
A primeira derrota de Battisti foi
a recusa do refúgio -até porque seria esdrúxulo, senão inédito, classificar como refugiado um estrangeiro que entrou clandestinamente no
Brasil e foi preso anos depois sem
jamais pedir socorro e acolhimento
às autoridades do país. Ao contrário, fugindo delas.
Agora, julga-se extraditar ou não.
Votaram a favor da extradição (logo, contra Battisti) o relator Cezar
Peluso, Ellen Gracie, Ayres Britto e
Ricardo Lewandowski. Contra (e a
favor dele), Carmen Lúcia, Eros
Grau e Joaquim Barbosa. Quatro a
três. Como Marco Aurélio Mello rejeita a extradição, vai dar empate.
Isso joga o destino de Battisti na
mão do presidente, Gilmar Mendes,
que deve mandá-lo de volta para casa -e para a cadeia italiana.
Esse resultado pode se inverter
caso o novato Toffoli se declare apto a votar e/ou o experiente Ayres
Britto reveja seu voto, ambos para
negar a extradição, favorecendo
Battisti e derrotando o governo da
Itália. Britto estaria sendo muito
assediado pelo mentor, Celso Antônio Bandeira de Mello.
São hipóteses remotas, porém.
Toffoli acompanhou a primeira fase
do julgamento como advogado-geral da União, ao lado dos defensores
de Battisti. Como não se dizer impedido? E Britto é um homem sério, respeitado. Diria que votou levianamente e daria uma cambalhota para mudar de lado? Nos dois casos, seria um vexame.
elianec@uol.com.br
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