São Paulo, segunda-feira, 08 de novembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

O futuro do PSDB

SÃO PAULO - Apesar da derrota, ou por causa dela, José Serra alimenta a pretensão de se tornar presidente do PSDB na convenção que o partido realiza entre maio e junho de 2011. Seria a maneira de se manter vivo no jogo, contra a ameaça de se tornar um retrato na parede.
Ocorre que, desta vez, Serra vai encontrar resistência bem maior à sua pretensão. Está disseminada a percepção de que o futuro da tucanolândia passa pela capacidade de entender e sinalizar desde já que Serra pertence ao seu passado. Ou seja, de que a fila agora andou.
Na presidência do partido, o ex-governador representaria uma espécie de terceiro turno contra Dilma Rousseff, em prejuízo da construção de um consenso partidário em torno do nome de Aécio Neves.
Não é à toa que o mineiro acaba de propor uma "refundação" do PSDB, a fim de "atualizar o programa" e "recuperar sua identidade partidária". Como diria Serra, essa história de refundação não passa de trololó. Quando Aécio fala em "atualizar" e "recuperar a identidade", nos dois casos quer dizer: Serra, até logo, chegou a minha vez.
O candidato de Aécio para presidir o PSDB hoje é Tasso Jereissati. Ele e Serra nunca se bicaram, todos sabem. Mas imagina-se que Tasso seja o nome capaz de fazer a ponte entre Aécio e Geraldo Alckmin, evitando que a relação entre os PSDBs de Minas e de São Paulo caminhe para um esgarçamento perigoso.
Aécio, neste momento, movimenta-se para disputar a presidência do Senado, num esforço claro para demonstrar que tem bom trânsito entre os partidos, inclusive os da base aliada de Dilma. Foi Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro e governador do Ceará, quem defendeu em público o nome do mineiro para o comando da Casa.
A Alckmin, no entanto, pode interessar uma aliança tática com Serra para evitar que Aécio se projete desde já no horizonte como líder incontestável do novo PSDB. Apostar nisso é o que resta a Serra, às voltas com a ruína.


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