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EURODEPENDÊNCIA
A economia da Europa, em que
pese seu fortalecimento com o
processo de expansão e consolidação da União Européia (UE), que
contra todos os ceticismos já produziu uma moeda única, tem se mostrado bastante dependente dos movimentos econômicos dos Estados
Unidos. A face mais recente dessa relação pôde ser observada no pequeno crescimento do PIB europeu -de
0,4% no terceiro trimestre. Não foram as demandas internas, mas as
exportações para o mercado norte-americano (que se aqueceu de forma
significativa no período) a principal
causa da retomada, cujo fôlego ainda
permanece incerto.
Alguns fatores lançam dúvidas sobre a reativação européia. Em primeiro lugar, a permanência de um
quadro de baixo dinamismo do consumo e de fragilidade do mercado de
trabalho. Quanto a isso, a manutenção da taxa de juros em 2% ao ano,
determinada pelo Banco Central Europeu na última quinta-feira, foi
frustrante para muitos analistas. Esperava-se que a autoridade monetária reduzisse ainda mais os juros em
busca de um aquecimento da economia doméstica e de um arrefecimento do forte processo de valorização
do euro em relação ao dólar.
De fato, as elevadas cotações da
moeda européia causam apreensões
tanto em relação a um aumento mais
acelerado das importações de produtos norte-americanos quanto às
perspectivas de expansão das exportações da Europa para aquele país.
No entanto, ainda que a cotação do
euro represente um problema, ela
não deverá impedir que as vendas externas européias alcancem resultado
positivo, caso os EUA cresçam no
próximo ano, como é esperado, a taxas importantes. Sem que se verifique, porém, uma reativação consistente da demanda interna, com retomada do emprego, a expansão européia continuará frágil. É esse o desafio que os países da UE, como exemplificam seus principais motores, a
Alemanha e a França, têm demonstrado dificuldades para superar.
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