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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Comércio nas arábias

DUBAI - Ao andar por um dos palácios da Síria, em Damasco, uma autoridade local falou: "Granito brasileiro comprado da Itália".
Em Beirute, o café servido em um bar local era brasileiro. Mas chega até lá por meio de uma empresa de comércio exterior européia. Assim como móveis e outros produtos.
Ontem, na hora da sobremesa no almoço de Lula com o xeque Zayed bin Sultan Nahyan, em Abu Dhabi, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) soube que os Emirados Árabes Unidos importam pouquíssimas frutas do Brasil. Quis saber a razão. "Porque vocês não nos oferecem", foi a resposta ouvida de um ministro local, sentado ao seu lado.
Seriam necessárias muitas páginas de jornal para relatar outras histórias semelhantes. O mundo árabe é uma coleção de oportunidades perdidas para o Brasil. A viagem de Lula pretende mudar esse cenário. É difícil saber se terá sucesso.
A principal esperança dos cerca de 300 empresários presentes ontem na feira comercial de Dubai era a presença de Lula. Por serem países fortemente estatizados, os negócios por aqui se dão mais ou menos como na ditadura brasileira nos anos 70. O governo quer, o governo faz.
O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, encontrou-se com os diretores das duas estatais de petróleo dos Emirados Árabes Unidos. "Falaram para mim que quem decide é o governo. Não digo que foi inútil, mas é uma reunião apenas preliminar. Aqui, a decisão é do xeque, de quem manda", relata Dutra.
Apesar da delegação inchada com amigos, casais conhecidos e um certo deslumbramento, é possível que a viagem do presidente da República seja positiva no médio prazo para o comércio exterior do país. Para isso, os empresários terão de adotar uma atitude mais agressiva. Não é muito a caraterística do empreendedor brasileiro. E o Itamaraty terá de provar que mudou mesmo sua forma de atuar -aí a porca torce o rabo, pois nem a conta de luz esse ministério tem conseguido pagar em Brasília.



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