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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

O "X-plus"

RIO DE JANEIRO - Houve tempo em que uma empresa comercial adotou o "algo a mais" como expressão de qualidade. Dava de barato que os concorrentes eram bons, divinos, maravilhosos, mas somente o seu produto, além de bom, divino e maravilhoso, tinha aquele algo a mais. O apelo era simples tradução ou adaptação do "X-plus", oriundo da violenta concorrência econômica e comercial dos Estados Unidos -slogan que, da esteira industrial, passou para a avaliação geral dos recursos humanos, formando o critério que fará de um bom profissional um presidente, um vice ou um simples executivo.
Esse "X-plus" é, por definição e prática, um dado aleatório, que nada tem a ver com a qualidade ou a eficiência do produto ou do empregado. Exemplo: para ocupar a vaga de um chefe supremo, que dirija uma grande empresa, um grande negócio ou exerça uma grande função, sempre aparecem dois, às vezes três candidatos em igualdade de condições. São medidos milimetricamente, como peças raras destinadas a um museu.
E, como são excelentes, empatados técnica e moralmente, surge então o tal "X-plus", que decidirá a parada. E aí fica valendo tudo: desde o corte dos ternos, a qualidade dos sapatos, a beleza ou a simpatia da esposa até mesmo a capacidade de beber ou jogar golfe.
Como acontece a cada final de ano, está se formando a grande marola da reforma do ministério, que poderá ser total, parcial e -como estamos no Brasil e somos governados pelo PT- poderá até ser inexistente.
E, como estamos no Brasil e governados pelo PT, os critérios para tudo ou para nada transcendem esse algo a mais. Dificilmente há homogeneidade entre os candidatos, cujas disparidades podem levar um agrônomo a tratar de minas e energia e um astrônomo a cuidar de agricultura.
O "X-plus" da vez é o comprometimento prévio com a reeleição de Lula.


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