São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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PACOTE FISCAL

O governo do presidente George W. Bush anunciou um novo pacote fiscal para tentar reativar o mercado de ações e estimular a economia. Foi estimado em US$ 600 bilhões, em torno de 5,7% do PIB norte-americano.
A principal medida do pacote é a eliminação do Imposto de Renda (IR) incidente sobre os dividendos pagos aos investidores. O propósito do governo é estimular aplicações no mercado acionário, que amargou desvalorização pelo terceiro ano consecutivo. O pacote inclui ainda restituição de US$ 400 para famílias de renda baixa e média, aumento do limite para dedução no IR por filho dependente, liberação de recursos para os governos estaduais, regras mais generosas para as empresas amortizarem equipamentos e extensão do seguro-desemprego.
O governo norte-americano realizou uma rápida travessia: de um superávit orçamentário de US$ 230 bilhões, em 2001, para um déficit de US$ 157 bilhões, em 2002. O novo pacote fiscal deve elevar o déficit para US$ 250 bilhões em 2003, sem contar o custo de uma cada vez mais provável guerra contra o Iraque. Essa ampliação do déficit resultará em aumento da dívida pública.
Em princípio, o aumento no endividamento público, por mais paradoxal que seja, parece representar uma decisão adequada ao momento atual da economia norte-americana. Ele se combina à política de juros reais baixos -hoje muito próximos de zero- para tentar evitar que o refluxo no investimento privado e a depreciação dos ativos financeiros levem a economia à depressão.
Mas diversos analistas têm alertado para os limites do pacote fiscal no seu objetivo de reativar a economia americana, uma vez que grande parte da renúncia tributária será direcionada às camadas mais ricas da população. Bush corre o risco de aumentar a dívida pública sem garantir o retorno ao crescimento sustentado.


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