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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A Alca. Ou o feitiço virou

SÃO PAULO - Quem acha que os mal chamados "radicais" do PT limitam-se à senadora Heloísa Helena e ao deputado Babá enganam-se.
Começou uma campanha por e-mail, organizada por entidades muito chegadas ao PT, para protestar contra o que os autores consideram mais um ponto de continuidade na gestão Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao governo FHC.
Agora, o alvo é a posição do governo sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), aquela negociação comercial que seria uma "anexação" do Brasil pelos Estados Unidos, na visão do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
A Coordenação Nacional da Campanha Contra a Alca, a que promoveu o plebiscito do ano passado, reclama que a iniciativa do governo de entregar até o dia 15 as propostas sobre abertura nas áreas de indústria, agricultura e serviços "dá continuidade às negociações da Alca nos mesmos moldes das propostas elaboradas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso".
O comunicado adota o estilo Babá: "É incompreensível que o governo Lula continue a esconder as propostas para a Alca, não permitindo seu debate na sociedade".
Não é tudo: "Essa atitude dá margem a sérias preocupações: será que essas propostas comprometem a soberania de nosso país? Será que representam uma ameaça aos direitos dos trabalhadores?"
Enfim, tudo o que as entidades sociais ligadas ou próximas do PT falaram sobre (ou contra) o governo FHC, em seus oito anos, ressurge agora, transcorridos apenas 40 dias de gestão Lula.
Serão também chamadas de radicais? Ameaçadas de censura pública? Se sim, o PT deve desculpas ao governo FHC, porque encampou esse tipo de críticas, como o demonstra o fato de Lula achar, até recentemente, que a Alca era "anexação" e não uma negociação comercial.



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