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FERNANDO RODRIGUES
Sonho que se sonha só
BRASÍLIA - O presidente da
Fiesp, Paulo Skaf, está levando a sério seu projeto de entrar na política.
Não faz muito tempo, foi de jatinho
com um famoso empresário para a
Bahia. Desceu em Salvador, tomou
outro avião e chegou até Barra
Grande, no exclusivo recanto do
marqueteiro Duda Mendonça, ex-Lula e ex-Maluf.
Paulo Maluf foi um facilitador no
contato entre Skaf e Duda. Aliás, o
PP de Maluf está louco atrás de algum candidato competitivo a governador de São Paulo para ter como ficar fora do bipartidarismo imposto por PSDB e PT.
Skaf enxerga em seu projeto o PP,
o PDT de Paulinho da Força Sindical, o PSB de Luiza Erundina (e de
Ciro Gomes) e o PC do B de Aldo
Rebelo. O partido preferencial para
se filiar é o PSB. Na atual geleia geral ideológica, não faz mais muita
diferença um empresário entrando
numa legenda socialista.
Com sua desenvoltura e vontade
de empreender, Skaf parece ter sido
picado pela mosca azul da política.
Muitos empresários pensam em
disputar uma eleição "para mostrar
a todos como fazer as coisas". Na vida real, "as coisas" são diferentes. O
último grande empresário que tentou se aventurar ao governo paulista foi Antônio Ermírio de Moraes,
pelo PTB, em 1986. Entrou com
ares de favorito. Perdeu para Orestes Quércia.
O Estado de São Paulo tem 22,5%
dos eleitores do país e está em aberto. Os partidos mais fortes têm candidatos frágeis. O predileto de Serra
no PSDB é Aloysio Nunes Ferreira
-bom de papo e uma incógnita nas
urnas. No PT, Antonio Palocci só é
uma promessa-problema, pela biografia encrencada.
Esse vácuo eleitoral paulista, raciocina Skaf, é favorável a um nome
de fora, novo. A julgar pelas tentativas iguais de outros empresários no
passado, o sonho do presidente da
Fiesp pode ser, na realidade, só isso
mesmo. Um sonho.
frodriguesbsb@uol.com.br
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