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Vítimas da semana
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Semanazinha de lascar, esta que passou. A briga entre dois
senadores vitimou-nos a todos. Pelé
fez um desabafo emocional, mas, enfim, falou pela gente, disse o que sentimos. Documentos importantes sumiram do Banco Central.
O jornalista Fernando Rodrigues,
mais uma vez, lembrou que aquela
história das contas do Caribe não acabou. Paulo Henrique Amorim foi
agredido por bandidos em seu prédio,
teve costelas fraturadas. Num quadro
desolador como esse, a absolvição de
José Rainha mal dá para equilibrar as
contas do inventário nacional.
O que está havendo com o Brasil?
Deixamos de ser um país-beleza,
abençoado pela natureza, como cantou o Jorge Benjor, que na época era
apenas Jorge Ben?
O acúmulo de desditas me fez lembrar um dos últimos artigos de outro
amigo, o Antônio Callado: ""Perdemos
a âncora moral". Na época, só se falava em outro tipo de âncora, a cambial,
que não passou de um embuste do governo.
Não sei por que, mas pulando do Jorge Ben, do Paulo Henrique Amorim e
do Callado para Aníbal Barca, o general da Antiguidade que quase conquistou Roma, fico pensando no presidente da República viajando pelo
mesmo Caribe onde as contas podem
gerar o maior escândalo do nosso tempo.
Aníbal chegou às portas de Roma,
após uma brilhante série de vitórias.
Acampou em Cápua, a poucos quilômetros de sua presa. E ali entregou-se
àquilo que os historiadores chamaram de ""delícias de Cápua". Gozou
precocemente.
E teve de voltar correndo para Cartago, a fim de defender a rival de Roma. Perdeu feio. Cartago foi delendada, como queria Catão. Ou deletada
da tela da história, como hoje se diria.
Desconfio que esta crônica saiu confusa. Um pouco por acaso, um pouco
de propósito. Mas o recado é claro:
continuamos vítimas de tudo.
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