São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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VALDO CRUZ

Perder, jamais

BRASÍLIA - O tucanato anda respirando mais aliviado. A avaliação é que está contida, por enquanto, a onda negativa que estava provocando turbulências na candidatura de José Serra à Presidência.
A estratégia dos tucanos, desde o início, foi colocar em segundo plano o que deveria estar no centro do debate -a cobrança de propina no processo de privatização da Vale por parte de um ex-caixa de campanha de Serra, que vem a ser Ricardo Sérgio.
Primeiro, bateram na tecla de que, como a tal da propina não havia sido paga, crime não fora cometido. Estaria, então, justificada a inépcia tucana em investigar o assunto.
Depois, o alvo passou a ser a suposta chantagem de Benjamin Steinbruch, que teria ameaçado revelar a cobrança da propina com o intuito de obter benesses do governo.
Os argumentos são pouco defensáveis. Afinal, mesmo que não tenha sido paga e que esteja sendo usada como chantagem, a cobrança de propina já é, por si só, uma denúncia gravíssima, um desvio de conduta.
Mas a estratégia está funcionando, porque ainda são poucos aqueles que decidem questionar as verdades tucanas. E porque tem muita gente sendo (bem) estimulada a ficar calada.
Tudo está, então, resolvido? Não necessariamente. Primeiro, podem surgir novas acusações que envolvam Ricardo Sérgio -que podem, ou não, atingir o candidato tucano.
Depois, Serra tem sido alvo de críticas até do seu principal defensor, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos dias, FHC tem-se mostrado soturno e preocupado com os rumos da campanha serrista.
Tanto que passou a satanizar Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas reservadas, o que é visto por seus interlocutores como um receio real de uma vitória petista.
Por enquanto, porém, FHC não dá sinais concretos de que pretende desembarcar da candidatura Serra. Mas, quem o conhece, sabe que, se perceber que o barco pode ficar à deriva, ele pula fora e busca outra embarcação. O que o presidente não quer é perder a eleição.



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