|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VALDO CRUZ
Perder, jamais
BRASÍLIA - O tucanato anda respirando mais aliviado. A avaliação é
que está contida, por enquanto, a onda negativa que estava provocando
turbulências na candidatura de José
Serra à Presidência.
A estratégia dos tucanos, desde o
início, foi colocar em segundo plano o
que deveria estar no centro do debate
-a cobrança de propina no processo
de privatização da Vale por parte de
um ex-caixa de campanha de Serra,
que vem a ser Ricardo Sérgio.
Primeiro, bateram na tecla de que,
como a tal da propina não havia sido
paga, crime não fora cometido. Estaria, então, justificada a inépcia tucana em investigar o assunto.
Depois, o alvo passou a ser a suposta chantagem de Benjamin Steinbruch, que teria ameaçado revelar a
cobrança da propina com o intuito
de obter benesses do governo.
Os argumentos são pouco defensáveis. Afinal, mesmo que não tenha sido paga e que esteja sendo usada como chantagem, a cobrança de propina já é, por si só, uma denúncia gravíssima, um desvio de conduta.
Mas a estratégia está funcionando,
porque ainda são poucos aqueles que
decidem questionar as verdades tucanas. E porque tem muita gente sendo (bem) estimulada a ficar calada.
Tudo está, então, resolvido? Não
necessariamente. Primeiro, podem
surgir novas acusações que envolvam
Ricardo Sérgio -que podem, ou não,
atingir o candidato tucano.
Depois, Serra tem sido alvo de críticas até do seu principal defensor, o
presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos últimos dias, FHC tem-se
mostrado soturno e preocupado com
os rumos da campanha serrista.
Tanto que passou a satanizar Luiz
Inácio Lula da Silva nas conversas reservadas, o que é visto por seus interlocutores como um receio real de
uma vitória petista.
Por enquanto, porém, FHC não dá
sinais concretos de que pretende desembarcar da candidatura Serra.
Mas, quem o conhece, sabe que, se
perceber que o barco pode ficar à deriva, ele pula fora e busca outra embarcação. O que o presidente não
quer é perder a eleição.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Os bons (ou maus) companheiros Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Livro$ Índice
|