São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2005

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COMBATE À MALÁRIA

A boa notícia é que algo está sendo feito para combater a malária. A má é que os esforços ainda não se traduziram numa redução do número de novos casos da doença. E tudo permanecer na mesma já é desalentador no contexto de uma epidemia que faz entre 350 milhões e 500 milhões de novas vítimas por ano em todo o mundo.
Essas considerações constam do primeiro relatório global relativo à mais recente iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a malária. O estudo viu progressos tanto na prevenção como no tratamento da moléstia na África, o continente mais atingido, e antecipa uma retração no número de casos nos próximos anos.
No campo da prevenção, o principal investimento é a utilização de cortinados antimosquito tratados com inseticidas de longa duração. Trata-se de uma medida barata e eficiente que tem conseguido cobertura cada vez maior. Após uma campanha de distribuição em 2003, 80% das crianças de menos de cinco anos em Zâmbia já se valiam do mosquiteiro. Em Togo, após campanha análoga em 2004, a proporção de domicílios com pelo menos uma rede saltou de 8% para 62%.
Em relação ao tratamento, o destaque é a substituição das drogas antigas, baseadas na cloroquina, por novas que se valem da artemisinina. A substituição é importante porque em muitas áreas o Plasmodium falciparum, o parasita causador da forma mais grave da malária, dá sinais de ter desenvolvido resistência aos medicamentos antigos.
Promover o combate à malária é possivelmente a ajuda isolada mais valiosa que o mundo pode prestar à África. A moléstia é a que mais mata crianças no continente -pelo menos três vezes mais que a Aids. O obstáculo, como sempre, é a falta de fundos. A OMS estima que sejam necessários US$ 3,2 bilhões anuais para atuar com eficiência nos 82 países em pior situação. E só há US$ 600 milhões disponíveis.

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