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A ERA BLAIR PERTO DO FIM
O premiê britânico, Tony Blair,
sofreu uma importante derrota eleitoral na semana passada,
quando seu Partido Trabalhista perdeu 19 conselhos locais. De tão ruim,
o resultado acarretou numa reforma
ministerial, custando o cargo a alguns colaboradores que geravam
más notícias para o governo. Mais
uma vez, cobrou-se de Blair que defina um cronograma para sua própria
saída, o que ele se recusou a fazer.
Em maio do ano passado, quando
os trabalhistas conseguiram o feito
inédito de conquistar o terceiro mandato consecutivo à frente do governo
britânico, fizeram-no por margem
cadente. Sua maioria no Parlamento
encolheu de 165 cadeiras para 65. Na
ocasião, analistas foram quase unânimes em afirmar que, em algum
momento da legislatura, Blair teria
de ceder a liderança do partido -e o
posto de premiê- a um sucessor,
quase certamente o ministro das Finanças, Gordon Brown.
O governo deve grande parte da popularidade de que ainda goza a bons
resultados econômicos, área em que
os louros devem ser repartidos com
Brown. Já os fatores que mais pesam
contra a administração, com destaque para a participação britânica na
invasão do Iraque, são atribuídos
quase que exclusivamente ao premiê.
Mas as coisas pioraram para os trabalhistas de 2005 para cá. O ritmo de
crescimento, que até 2004 ia relativamente bem, começou a cair. A ausência de lideranças fortes na oposição, decisiva na vitória de 2005, parece coisa do passado. David Cameron, dos conservadores, é um político em ascensão. Sob sua direção, os
"tories" conquistaram 11 conselhos,
o melhor resultado desde 1992.
Blair ganhou algum tempo com a
reforma ministerial, mas, cedo ou
tarde, terá de anunciar sua substituição. Resta saber se Brown assumirá
só para concluir o mandato ou se saberá reinventar o trabalhismo, que já
dá claros sinais de fadiga de material,
para conquistar a quarta legislatura.
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