BRASÍLIA - Tudo parecia na santa paz, como se nada tivesse acontecido. Lula com 40% das pesquisas, Dirceu articulando a campanha em jatinhos de R$ 12 mil a diária, Palocci alugando casa de uns R$ 10 mil por mês em Brasília, e os mensaleiros, "renunciados" ou "inocentados", se movimentando para mais um mandato.
Até que vem o Silvinho Pereira, espírito de porco, confirmar que: 1) as CPIs e o procurador Antônio Fernando estão certos; 2) os algozes do PT e do governo Lula não são a elite malvada, a oposição direitista e a imprensa mancomunada, mas os próprios petistas e os neo-aliados, como Roberto Jefferson. E os fatos.
Silvinho, atropelado pelo Land Rover de uma empresa que disputa concorrências na Petrobras e abalado psicologicamente pela queda no PT -do qual foi secretário-geral-, abriu a boca no "Globo" e contou que o esquema Marcos Valério articulava um consórcio para ganhar licitações no governo e reunir uma bagatela de R$ 1 bilhão. Entre outras coisas, ou entre as coisas admitidas, para pagar uma dívida fabulosa do partido.
A santa paz acabou, com a volta das denúncias, as manchetes caindo novamente na cabeça de Lula e PSDB e PFL tentando tirar proveito.
Nada, porém, indica abalos no quadro eleitoral. Se Chico Buarque, que é Chico Buarque, não está nem aí para as denúncias e pretende votar em Lula, por que os "não-chicos-buarques" mudariam o voto por causa de mais um capítulo da mesma novela?
Quando vejo e leio o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, pregando o impeachment de Lula, o que me vem à cabeça é: "Quantos votos Lula acaba de ganhar?". Porque esse tipo de pressão/ameaça não tira um só voto de Lula no Nordeste, mas causa uma impressão ruim no eleitor indeciso do Sul/Sudeste. Tudo é uma lambança, mas ele não quer a direita rica pregando o impeachment do operário.
Com tudo isso, PC Farias deve estar se remexendo no túmulo. Do jeito que as coisas vão, ele e Collor acabam virando mártires, coitadinhos.

@ - elianec@uol.com.br


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