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FERNANDO RODRIGUES
O poder que Dirceu teve
BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha,
oficializou ontem, em público, a perda de poder do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
"Zé, nos últimos dias você tem sido,
de forma injusta, criticado de forma
direta ou indireta, como uma pessoa
que não tem se empenhado por questões importantes do governo como o
caso do salário mínimo", disse João
Paulo para empresários, na presença
do chefe da Casa Civil.
Dirceu tem sido bombardeado por
pessoas de dentro e de fora do governo. Está enfraquecido. Pode se recuperar. Mas hoje é algo bem distante
do poderoso quase primeiro-ministro
de um ano atrás.
Dois exemplos do poder que José
Dirceu tinha e exercia:
1) cerimonial - desde 9 de março de
1972, prevalecia o decreto 70.274, de
Emílio Garrastazu Médici, sobre a
ordem de entrada de ministros em
cerimônias com o presidente. Os titulares das pastas mais antigas apresentavam-se na frente. Por exemplo,
Justiça (o ministério mais longevo),
Marinha, Exército etc.
Não estava bom para José Dirceu.
No governo Lula, foi publicado um
comunicado chamado "Ordem de
Precedência dos Ministérios". Está
em www.planalto.gov.br. O número
um da lista é José Dirceu;
2) poder total - o primeiro documento do governo Lula para os ministérios foi assinado por José Dirceu,
em 6 de janeiro de 2003. Era o aviso-circular nš 1, com ordens da Casa Civil: "Não negociar liberação de emendas sem anuência prévia da Casa Civil" e "informar à Casa Civil [sobre]
audiências e atendimento de pleitos
de parlamentares".
Tudo isso virou história. A pista da
armadilha que Dirceu se auto-impunha estava no próprio aviso-circular
nš 1. Eis o último parágrafo do documento: "Maiores informações devem
ser obtidas junto ao subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil,
Waldomiro Diniz". Seguiam os telefones de Waldomiro. E a assinatura
de Dirceu. Deu no que deu.
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