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CLÓVIS ROSSI
O G8 vale pelo antes
KÜHLUNGSBORN - O circo do
G8 foi embora, a sorveteria na esquina do Centro Internacional de
Mídia já não vende o "Eis G8" (sorvete G8), os aposentados, que são,
ao menos por enquanto, a clientela
majoritária deste balneário no Báltico, podem dar seus lentos e intermináveis passeios sem maiores sustos do que ver uma ou outro jogar-se pelado/a na água.
Fica realmente alguma coisa dessa formidável mobilização de governantes, assessores, jornalistas,
seguranças e toda uma imensa corte de auxiliares? Para alguns, certamente fica: uma moça portuguesa
que estuda canto em Rostock (a 30
km) ganhou um extra como auxiliar
no atendimento à delegação brasileira. Como ela, uma boa centena de
outros jovens, de roupa impecavelmente branca, sorriso permanente
e cortesia também impecável.
Fica também um baita debate em
torno dos assuntos que, bem ou
mal, muito ou pouco, formam a
agenda global.
É verdade que a mudança climática ocupou o centro da agenda por
conta do apocalíptico relatório do
Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas. Mas a cúpula
do G8 deu novo fôlego à discussão
ao transformar o tema no seu assunto principal.
O problema é que o debate mais
rico se dá antes de os governantes
chegarem, dentro e fora do perímetro de segurança que cerca sempre
reuniões do gênero. Fora, nos ricos
encontros de organizações da sociedade civil. Dentro, entre os funcionários que preparam tudo para
que seus chefes assinem e posem
para a foto tipo álbum de família.
Na hora da cúpula propriamente
dita, o texto acaba sendo caudaloso
e genérico demais. O mundo poderia perfeitamente viver sem ele.
Mas seria mais pobre sem as discussões prévias.
Ficaria mais rico se os governantes criassem coragem para tomar
decisões em vez de apenas debater
questões complexas.
crossi@uol.com.br
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