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RUY CASTRO
Babette vai à guerra
RIO DE JANEIRO - Em 1959, os
franceses fizeram um filme, "Babette Vai à Guerra", em que Brigitte
Bardot vive uma jovem camareira
de bordel, contratada pelos Aliados
para se fazer passar pela ex-amante
de um general alemão na França
ocupada. Um agente da Gestapo
descobre sua identidade, mas não a
impede de continuar espionando o
general, que eles suspeitam integrar um complô contra Hitler.
A graça do filme estava em que,
pela primeira vez, Brigitte não ficava pelada em cena, e só restava à
plateia imaginar o que se escondia
sob aquelas fardas de soldado e paraquedista. Havia também o fato de
Brigitte, que até então ninguém
acusara de atriz, estar representando um papel "sério".
Os franceses devem ter se lembrado de "Babette" ao fechar a venda para o Brasil de 36 aviões de
combate, a fabricação de 50 helicópteros de transporte e a parceria
na construção de uma base naval,
um estaleiro e cinco submarinos,
um deles nuclear, pelo módico preço de R$ 31 bilhões. Para realçar seu
papel "sério" na parceria, o Brasil
não precisará ficar pelado em cena.
De tanga, talvez.
Lula justificou a transação, que já
se discutia havia 11 anos, como necessária para proteger as reservas
de petróleo na camada do pré-sal,
descobertas apenas outro dia, e as
riquezas da Amazônia. Pelo visto,
logo teremos enxames de caças e
submarinos varejando o Rio e a bacia amazônica. Era bonitinho também ver Brigitte descendo de paraquedas em meio aos coturnos e capacetes alemães.
A parceria inclui transferência de
tecnologia francesa para o Brasil.
Espera-se que, no pacote, venham
instruções para aperfeiçoar o funcionamento da churrasqueira do
Alvorada, cujo fiasco privou o presidente Nicolas Sarkozy de saborear
as alcatras, picanhas e maminhas
em que, aí, sim, somos craques.
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