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DÍVIDAS EXTERNAS
A proveitando o fluxo de capital externo para o país, atraído pela alta taxa de juro real doméstica (cerca de 14% ao ano), assim como o persistente superávit na balança comercial, o Banco Central voltou
a comprar dólares no mercado de
câmbio. O BC justificou sua ação no
mercado de divisas como uma medida para recompor as reservas internacionais, visando aos futuros compromissos de pagamento da dívida
externa. Com o mesmo propósito, o
Tesouro também tem realizado operações no mercado de câmbio. Entre
2003 e 2005, adquiriu US$ 26,8 bilhões. Assim, as reservas líquidas do
governo (sem empréstimos do FMI)
devem fechar o ano em US$ 44 bilhões, bem acima dos US$ 20,5 bilhões de dezembro de 2003.
Setores do governo sinalizam preocupação com efeitos adversos da
queda do dólar nas contas externas,
sobretudo da possível redução no superávit comercial e, por conseguinte,
no saldo em conta corrente, um indicador de solvência do país. O saldo
em transações correntes acumulava
US$ 12,5 bilhões (1,78% do PIB) em
12 meses até 31 de agosto.
O efeito da valorização do real sobre a inflação, principalmente aquela
identificada nos índices gerais de
preços (IGP), já foi repassado. Esses
índices tiveram cinco meses consecutivos de deflação, diminuindo a
"inércia inflacionária" para o próximo ano, pois são os principais indexadores dos preços controlados.
Esse conjunto de indicadores dá ao
BC e ao Tesouro a chance de adotar
estratégia mais agressiva de compra
de dólar no país para conter a valorização do real e usar parte desses recursos para reduzir o endividamento
externo público -US$ 110 bilhões
em junho de 2005. O aumento das reservas e a queda no estoque de dívida
externa poderiam elevar a nota do
risco soberano do país atribuída por
agências internacionais de risco.
Porém a permanência de um elevado diferencial de juros entre o mercado interno e o externo pode desencadear um novo ciclo de endividamento, sobretudo de empresas que não
geram recursos em moeda estrangeira. Entre janeiro e setembro, empresas e o governo tomaram US$ 22
bilhões no exterior, 40% acima do
que no mesmo período de 2004. Essa
é mais uma razão para o BC acelerar
a redução na taxa de juros doméstica
para que as empresas possam ampliar seus investimentos em moeda
local sem incorrer em risco cambial.
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