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CLÓVIS ROSSI
É tudo mentira
MADRID - É óbvio que se equivocaram tremendamente os petistas que reproduziram para os jornalistas as declarações do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva durante o encontro
com parte da bancada do PT.
Nem o mais ferrenho opositor seria
capaz de acreditar que o presidente é
leviano a ponto de passar atestado de
inocência aos parlamentares que estão na fila de cassação.
"Não são corruptos", teria dito Lula. É claro que o presidente sabe que
quem utiliza o caixa dois é, sim, corrupto. Se não soubesse, teria aprendido ainda na semana passada com o
notável advogado Márcio Thomaz
Bastos, de resto seu ministro da Justiça, que chamou de "bandidos" o pessoal do caixa dois.
Como o presidente sabe que os petistas acusados já confessaram o uso
de "dinheiro não-contabilizado"
(um vício de linguagem típico da malandragem safada), sabe também,
por extensão, que são corruptos.
Tanto sabe que disse em rede nacional de TV que havia sido traído. É
claro que ninguém poderia pensar
que o presidente da República é capaz de dizer uma coisa num dia e outra completamente diferente algum
tempo depois.
A menos que os oposicionistas estejam comparando o que Lula dizia
quando era oposição com o que passou a fazer e dizer depois que assumiu o governo. Aí, sim, é água e vinho (ou vinho e água, dependendo
do gosto de cada um). Mas, sejamos
condescendentes: Lula reconheceu
que, na oposição, fazia apenas "bravatas". Não era, portanto, para ser levado a sério.
Agora, na Presidência, nem o mais
ferrenho oposicionista acreditaria
que o presidente não falaria sério.
Logo, só pode ser reprodução incorreta o que disseram que Lula disse.
Afinal, o que se espera de um presidente é que diga que seus correligionários são inocentes, não que são
iguais aos outros, estes, sim, corruptos, mesmo não sendo caixa dois um
ato de corrupção, segundo a infeliz
versão de petistas para a fala dele.
crossi@uol.com.br
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