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ELIANE CANTANHÊDE
Quem é Lula amanhã?
BRASÍLIA - A reunião com a banca da do PT, na sexta-feira, foi uma tentativa de Lula de pegar o embalo da
vitória de Aldo Rebelo na Câmara e
mostrar que, apesar de enferrujado,
ainda tem a decantada manha política. Bem que ele está precisando.
Embevecido com ele próprio e com
suas metáforas, Lula saiu de viagem
em viagem, de palanque em palanque. Petistas no governo revelaram-se arrogantes e despreparados. E os
do Congresso deixaram de se reconhecer no espelho do partido.
Primeiro, Heloisa Helena puxou o
PSOL e vai ser uma pedra no sapato
de Lula em 2006. Depois, o mar de lamentações e as duras críticas à economia. Enfim, os escândalos grandes
(Marcos Valério) e mesquinhos
(Land Rover, os R$ 327 mil do Pizzolato, do BB...). Agora, a bancada dividida ao meio entre Berzoini, candidato do Planalto, e Raul Pont, de
oposição, para a presidência do PT.
Jovem, inexperiente e crítica, a bancada foi flagrantemente desprezada
tanto por Lula como pelo todo-poderoso Dirceu, muito ocupados em garantir heterodoxamente o PTB, o PP,
o PL, o PP. Tudo gente fina.
Mas Lula precisa do PT como o PT
precisa de Lula. E ambos devem se
lembrar das duras lições do passado:
Maria Luiza Fontenele (Fortaleza)
foi a primeira prefeita de capital eleita pelo PT; Luiza Erundina, a primeira a ganhar São Paulo; Vitor Buaiz
foi governador do Espírito Santo, numa incrível vitória do PT; Cristovam
Buarque levou o PT ao governo do
Distrito Federal.
Eles entraram para a história com o
PT, e o PT fez sua história com eles.
Mas nenhum deles, pasme!, está hoje
no partido. Pelos vícios de oposição,
de sindicalismo, de tendências, de
corporativismo, o PT e seus principais quadros não se suportaram ao
chegar ao poder.
Que Lula e o PT reflitam. Lula pode
ser a Maria Luiza, o Buaiz, a Erundina e o Cristovam amanhã, repetindo,
no governo federal, o que ocorreu nos
governos municipais e estaduais.
O risco de depender cada vez mais
do PMDB é real.
elianec@uol.com.br
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