São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Guerra na terra e no ar

BRASÍLIA - Brasília anda muito virulenta, como há muito não se via. No Senado, instalou-se uma guerra de acusações, de sarcasmo, de cascas de banana e, agora, volta a acusação de espionagem que já manchou a Casa na violação dos votos da cassação de Luiz Estevão -aliás, o único senador cassado desde a redemocratização.
Na área de controle de tráfego aéreo, que andava meio fora das páginas, o tiroteio é jurídico. A FAB faz IPMs (Inquéritos Policiais Militares) indiciando controladores por motim e por desleixo no dia da queda do Boeing da Gol, um ano atrás. O Ministério Público Militar encampa esse do dia da tragédia.
Os controladores reagem também com dureza. Depois da operação-padrão e do motim que parou o transporte aéreo do país em 30 de março, uns foram presos, outros processados, muitos afastados. Devem entrar hoje com uma denúncia-crime na Procuradoria Geral da República contra o Comando da Aeronáutica.
Alegam que, irritado com o governo civil, que desautorizou a Aeronáutica e despachou o ministro e ex-sindicalista Paulo Bernardo para negociar com sargentos e suboficiais amotinados no dia 30, o comandante, brigadeiro Juniti Saito, teria ordenado que oficiais abandonassem as salas de operação. Ou seja: largassem os controladores -e os passageiros- à própria sorte.
Às vésperas da divulgação do relatório final sobre o acidente com o Boeing da Gol, os nervos estão tão à flor da pele como no Senado. Aeronáutica, controladores, a ExcelAire, dona do Legacy, os pilotos americanos, as famílias e os fabricantes das aeronaves e dos equipamentos estão armados até os dentes, uns contra os outros. Na linha de frente, um batalhão de advogados.
Os senadores estão não só à beira de uma ataque de nervos mas de chegar às vias de fato. No setor aéreo, o caos não está no ar, chegou aos bastidores e à Justiça.

ecantanhede@uol.com.br


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