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ELIANE CANTANHÊDE
Guerra na terra e no ar
BRASÍLIA - Brasília anda muito
virulenta, como há muito não se via.
No Senado, instalou-se uma guerra
de acusações, de sarcasmo, de cascas de banana e, agora, volta a acusação de espionagem que já manchou a Casa na violação dos votos
da cassação de Luiz Estevão -aliás,
o único senador cassado desde a redemocratização.
Na área de controle de tráfego aéreo, que andava meio fora das páginas, o tiroteio é jurídico. A FAB faz
IPMs (Inquéritos Policiais Militares) indiciando controladores por
motim e por desleixo no dia da queda do Boeing da Gol, um ano atrás.
O Ministério Público Militar encampa esse do dia da tragédia.
Os controladores reagem também com dureza. Depois da operação-padrão e do motim que parou o
transporte aéreo do país em 30 de
março, uns foram presos, outros
processados, muitos afastados. Devem entrar hoje com uma denúncia-crime na Procuradoria Geral da
República contra o Comando da
Aeronáutica.
Alegam que, irritado com o governo civil, que desautorizou a Aeronáutica e despachou o ministro e
ex-sindicalista Paulo Bernardo para negociar com sargentos e suboficiais amotinados no dia 30, o comandante, brigadeiro Juniti Saito,
teria ordenado que oficiais abandonassem as salas de operação. Ou seja: largassem os controladores -e
os passageiros- à própria sorte.
Às vésperas da divulgação do relatório final sobre o acidente com o
Boeing da Gol, os nervos estão tão à
flor da pele como no Senado. Aeronáutica, controladores, a ExcelAire,
dona do Legacy, os pilotos americanos, as famílias e os fabricantes das
aeronaves e dos equipamentos estão armados até os dentes, uns contra os outros. Na linha de frente, um
batalhão de advogados.
Os senadores estão não só à beira
de uma ataque de nervos mas de
chegar às vias de fato. No setor aéreo, o caos não está no ar, chegou
aos bastidores e à Justiça.
ecantanhede@uol.com.br
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