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OS CORTIÇOS
Revitalizar centros urbanos
de cidades como São Paulo é
um dos desafios que se colocam para
o poder público.
Extensas áreas da cidade, algumas
das quais já foram nobres, se degradaram ao longo do tempo. Ocupantes endinheirados partiram para outras regiões da metrópole deixando
atrás de si imóveis que acabaram
sendo ocupados por uma população
mais pobre, tornando-se cortiços.
Fenômenos como esse são relativamente normais na vida de grandes
cidades de todo o mundo. Mas a boa
governança exige que, a um dado
momento, o poder público intervenha e procure revitalizar o centro.
Existem inúmeras razões para fazê-lo. Antes de mais nada, é preciso
ampliar a cidadania dos encortiçados, oferecendo-lhes habitações
mais dignas e salubres. Durante
muito tempo, as ações sociais de governos tenderam a empurrar essas
pessoas para projetos habitacionais
em construção nas periferias. Não é
atitude das mais inteligentes.
Já há no centro infra-estrutura (esgoto, transportes, educação) que, na
periferia, ainda está por construir. De
resto, parcela significativa dos encortiçados, como revela estudo da fundação Seade e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, do governo do Estado, prefere viver no centro. São em geral solitários
ou famílias pequenas de baixa renda
que consideram vantajoso viver perto
do emprego e gastar menos.
Assim, merecem aplauso projetos
mantidos pela prefeitura paulistana e
pelo governo do Estado de São Paulo
que buscam melhorar as condições
de habitação de encortiçados, facultando-lhes, inclusive, reformar suas
unidades. Levados em parceria com
movimentos sociais, esses programas conseguem ser democráticos e
aliar ações sociais à remodelação do
centro, sem mencionar a utilização
mais racional de recursos públicos.
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