São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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OS CORTIÇOS

Revitalizar centros urbanos de cidades como São Paulo é um dos desafios que se colocam para o poder público.
Extensas áreas da cidade, algumas das quais já foram nobres, se degradaram ao longo do tempo. Ocupantes endinheirados partiram para outras regiões da metrópole deixando atrás de si imóveis que acabaram sendo ocupados por uma população mais pobre, tornando-se cortiços.
Fenômenos como esse são relativamente normais na vida de grandes cidades de todo o mundo. Mas a boa governança exige que, a um dado momento, o poder público intervenha e procure revitalizar o centro.
Existem inúmeras razões para fazê-lo. Antes de mais nada, é preciso ampliar a cidadania dos encortiçados, oferecendo-lhes habitações mais dignas e salubres. Durante muito tempo, as ações sociais de governos tenderam a empurrar essas pessoas para projetos habitacionais em construção nas periferias. Não é atitude das mais inteligentes.
Já há no centro infra-estrutura (esgoto, transportes, educação) que, na periferia, ainda está por construir. De resto, parcela significativa dos encortiçados, como revela estudo da fundação Seade e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, do governo do Estado, prefere viver no centro. São em geral solitários ou famílias pequenas de baixa renda que consideram vantajoso viver perto do emprego e gastar menos.
Assim, merecem aplauso projetos mantidos pela prefeitura paulistana e pelo governo do Estado de São Paulo que buscam melhorar as condições de habitação de encortiçados, facultando-lhes, inclusive, reformar suas unidades. Levados em parceria com movimentos sociais, esses programas conseguem ser democráticos e aliar ações sociais à remodelação do centro, sem mencionar a utilização mais racional de recursos públicos.


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