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Editoriais
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Prejuízo à educação
Ao caudaloso histórico de erros
e problemas da edição anterior do
Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio), novas falhas vieram se somar neste fim de semana.
Cabeçalhos dos cartões-resposta foram trocados; parte das provas continha questões repetidas
ou ausentes; brechas de segurança permitiram que alunos tivessem acesso ao celular e até enviassem mensagens durante o teste.
Em meio a queixas e medidas
judiciais, o Ministério da Educação acenou com a reaplicação do
exame para quem se sinta prejudicado. O problema é que, numa seleção como essa, o dano de um é a
vantagem de outro. Ao não garantir condições de igualdade entre
os 3,4 milhões de participantes, os
organizadores prejudicaram o
exame como um todo.
Até 2008, o Enem servia exclusivamente para avaliar o desempenho de estudantes e escolas do
ensino médio. Ao torná-lo um gigantesco processo seletivo, substituindo o vestibular, o governo
também pretendeu alterar o modelo pedagógico então vigente.
A nova prova abandonou a ênfase conferida pelos vestibulares
aos conhecimentos estanques e à
memorização. Questões multidisciplinares e a exigência de raciocínio abstrato, presentes no Enem,
deveriam induzir as escolas de ensino médio a "ensinar a pensar"
-segundo a gasta fórmula, raramente posta em prática.
Isso só acontecerá se o novo
exame de fato se tornar o principal
filtro de acesso ao ensino superior.
Compete a cada uma das instituições públicas decidir se adere ou
não a ele. Desde 2009, muitas universidades têm anunciado o seu
desligamento do modelo.
Se o Enem continuar a acumular falhas e descrédito, será difícil
convencer novas instituições a
adotá-lo. Sucessivos erros de gestão terão inutilizado uma importante alavanca para a melhoria da
educação brasileira.
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