São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

O sobe e desce dos salários

BRASÍLIA - A discussão sobre o aumento dos salários do presidente da República, dos ministros, de deputados e senadores tem de ser olhada sob três ângulos.
Um é que a opinião pública vai pular, como pula sempre, escaldada por escândalos e roubalheiras, convencida de que os congressistas, por exemplo, já ganham mais de R$ 16 mil e ainda têm mil e uma vantagens não computadas no, digamos, salário do fim do mês.
O segundo ângulo é que o governo Lula andou engordando a máquina, criou vagas, cargos, aumentos à vontade. O Orçamento de 2011 está pesadíssimo.
Isso tende a estourar no futuro governo, tanto que a presidente Dilma Rousseff já está mandando a turma da transição segurar a onda de reajustes para o funcionalismo prevista para 2011 no Congresso.
Sem falar que pode estar aí uma das chaves para se falar tanto em ressuscitar a CPMF. O pretexto é o caixa da saúde, mas pode muito bem ser só pretexto, certo?
E o terceiro ângulo, enfim, é que essa discussão sobre vencimentos dos três Poderes é sempre conduzida de maneira enviesada e envergonhada -logo, errada.
É bastante razoável que um ministro do Supremo Tribunal Federal receba R$ 26.723,12 mensais. Mas não há nada de razoável que seja mais do que o dobro dos vencimentos do presidente da República e dos ministros de Estado. Hoje, o presidente ganha R$ 11.420,21 brutos, e um ministro, R$ 10.748,43. Daí porque ficar essa hipocrisia de ficar arranjando conselhos em estatais, vagas daqui e dali e jeitinhos para engrossar o ganho.
No Congresso, é ainda pior. Entra legislatura, sai legislatura, e esse debate sobe, desce e some, deixando um rastro de desvios: viagens, verbas extraordinárias, atos secretos, "assessores" registrados só para repassar salários aos chefes.
Uma coisa não elimina a outra, mas um salário realista pode ajudar a diminuir esse tipo de "atalho".

elianec@uol.com.br


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