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ELIANE CANTANHÊDE
O sobe e desce dos salários
BRASÍLIA - A discussão sobre o aumento dos salários do presidente
da República, dos ministros, de deputados e senadores tem de ser
olhada sob três ângulos.
Um é que a opinião pública vai
pular, como pula sempre, escaldada por escândalos e roubalheiras,
convencida de que os congressistas, por exemplo, já ganham mais
de R$ 16 mil e ainda têm mil e uma
vantagens não computadas no, digamos, salário do fim do mês.
O segundo ângulo é que o governo Lula andou engordando a máquina, criou vagas, cargos, aumentos à vontade. O Orçamento de 2011
está pesadíssimo.
Isso tende a estourar no futuro
governo, tanto que a presidente Dilma Rousseff já está mandando a
turma da transição segurar a onda
de reajustes para o funcionalismo
prevista para 2011 no Congresso.
Sem falar que pode estar aí uma
das chaves para se falar tanto em
ressuscitar a CPMF. O pretexto é o
caixa da saúde, mas pode muito
bem ser só pretexto, certo?
E o terceiro ângulo, enfim, é que
essa discussão sobre vencimentos
dos três Poderes é sempre conduzida de maneira enviesada e envergonhada -logo, errada.
É bastante razoável que um ministro do Supremo Tribunal Federal receba R$ 26.723,12 mensais.
Mas não há nada de razoável que
seja mais do que o dobro dos vencimentos do presidente da República
e dos ministros de Estado. Hoje, o
presidente ganha R$ 11.420,21 brutos, e um ministro, R$ 10.748,43.
Daí porque ficar essa hipocrisia de
ficar arranjando conselhos em estatais, vagas daqui e dali e jeitinhos
para engrossar o ganho.
No Congresso, é ainda pior. Entra
legislatura, sai legislatura, e esse
debate sobe, desce e some, deixando um rastro de desvios: viagens,
verbas extraordinárias, atos secretos, "assessores" registrados só para repassar salários aos chefes.
Uma coisa não elimina a outra,
mas um salário realista pode ajudar
a diminuir esse tipo de "atalho".
elianec@uol.com.br
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