|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A impressão que se tem depois
de ouvir alguns pronunciamentos e ler algumas declarações do
ministro da Ciência e Tecnologia,
Roberto Amaral (PSB-RJ), é a de que
ele ainda não sabe bem o que fazer
na pasta. O que produziu até agora
de mais relevante foi um mal-entendido, que quase se transfigurou numa contenda diplomática, a respeito
do desenvolvimento de tecnologia
nuclear pelo Brasil.
A entrevista concedida por Amaral
a esta Folha, publicada anteontem,
não foi suficiente para desfazer essa
impressão. Em meio a idéias vagas
-como a de, talvez, levar a termo a
construção da terceira usina nuclear
em Angra dos Reis (RJ)-, não se vislumbra um foco pretendido para a
política, uma hierarquização de diretrizes propriamente dita.
Intenções como a de descentralizar
a produção de ciência no Brasil ou a
de aumentar valor e quantidade das
bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) carecem de análise mais aprofundada.
É preciso fomentar o desenvolvimento e a geração de renda nas regiões mais pobres e atrasadas do
país. Mas é um equívoco, a partir daí,
concluir que a distribuição da produção de ciência e tecnologia tenha que
ser regionalmente equilibrada. A
inovação e a pesquisa de excelência,
hoje, requerem concentração e escala, mormente num país de recursos
escassos. Quanto ao CNPq, não é desejável falar em aumento de bolsas
antes de proceder à reforma dessa
agência de fomento, cujos métodos
de gestão estão ultrapassados.
A política científica e tecnológica
federal nem sequer conquistou algo
básico para seu sucesso: autonomia.
Amaral pouco toca nesse ponto. É
desejável que o ministro busque superar a impressão inicial acerca de
sua nomeação com um mergulho
urgente e radical nos principais problemas de sua pasta, o que passa pela
formação de equipe competente e
pela consulta dos atores sociais diretamente envolvidos na produção e
no uso de ciência e tecnologia.
Texto Anterior: Editoriais: LIMITES DA AJUDA Próximo Texto: Editoriais: A PRAGA DOS BINGOS Índice
|