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A PRAGA DOS BINGOS
A flamante polêmica em torno da manutenção ou não dos
bingos no Brasil merece cuidadosa
consideração. Não há a menor dúvida de que esses bingos representam
um problema de saúde pública, já
que a atividade, a exemplo de outras
modalidades de jogos de azar, tende
a ampliar o contingente dos viciados
em jogo na sociedade. E a literatura
médica traz farta documentação a
comprovar que a compulsão pelo jogo é uma doença mental comparável
ao alcoolismo ou à dependência de
outras drogas psicoativas.
A questão que se coloca é se o risco
para a saúde pública por si só basta
para recomendar a proibição de todo
tipo de jogo de azar. O assunto é sem
dúvida polêmico. As histórias das
pessoas que sucumbiram de modo
patológico ao jogo por causa dos
bingos e destruíram suas vidas pessoais e financeiras, bem como as de
seus familiares, sugeririam proscrever para sempre a atividade.
Existem, porém, muitos que se
opõem à proibição pura e simples.
Vale aqui a analogia com o problema
da bebida. Apesar de o alcoolismo
ser uma doença grave, que talvez
acometa 15% da população adulta do
país (uma parcela bem mais significativa que a dos jogadores compulsivos), e provocar inúmeras mortes e
prejuízos, ninguém hoje cogita de
banir as bebidas alcoólicas.
Para além da questão filosófica da
liberação ou não do jogo, há com os
bingos uma série de outros problemas, muitos deles da alçada da polícia. Suspeita-se de que a atividade tenha se tornado um braço visível do
crime organizado e que número significativo das máquinas de jogar esteja viciado. É também um fato o de
que as casas de bingo surgiram e se
firmaram pela deturpação da lei que
autorizou a utilização desse jogo para financiar clubes esportivos.
Diante de tão graves suspeitas, o
que se espera é reexame sereno e cuidados da questão do jogo. Se a sociedade vai tolerá-lo, é preciso pelo menos criar mecanismos para minorar
seus efeitos danosos.
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